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25 Abril/50 anos: Filme vai contar história dos que morreram na revolução

A rodagem começou no final de agosto e estende-se por outubro em espaços interiores e exteriores de Lisboa.

9 Outubro 2023
Forever Young

A história das pessoas que morreram na revolução de 25 de Abril de 1974 está a ser transposta para cinema, no filme “Revolução (sem) sangue”, de Rui Pedro Sousa, cuja rodagem termina este mês, avança a Lusa.

“Revolução (sem) sangue” é uma longa-metragem de ficção que quer “mostrar aos espectadores como foi a revolução na perspetiva do povo”, contando a história verídica de cinco pessoas que morreram a 25 de Abril de 1974, explicou o realizador Rui Pedro Sousa em entrevista à agência Lusa.

“O nosso filme mostra como a nossa revolução foi importantíssima e determinante, mas também conta aquela parte de, caramba, mesmo assim houve cinco jovens que tinham muitos sonhos programados que viram esses sonhos terminados”, disse.

As cinco pessoas retratadas são Fernando Giesteira, João Arruda, Fernando Reis e José Barneto, que tinham entre 18 e 38 anos e que morreram alvejados pela PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, sede daquela polícia política do Estado Novo.

A eles junta-se ainda António Lage, funcionário da PIDE/DGS, que foi baleado por um militar.

O filme é uma ficção ancorada na recolha de informações dadas por familiares, por intervenientes do 25 de Abril de 1974, pelos historiadores António Araújo e Irene Pimentel e pelos jornalistas Fábio Monteiro e Jacinto Godinho, refere a produtora Filmesdamente.

No retrato das cinco vítimas, a produção contou com o apoio e o consentimento da maioria das famílias, exceto dos herdeiros de José Barneto, por falta de consenso entre familiares, o que limitou a abordagem à vida deste homem, explicou o realizador.

Ainda assim, Rui Pedro Sousa reconheceu que “estas famílias estão todas muito agradecidas por se fazer o projeto”, porque resgata a memória daqueles que morreram.

“Mas o que me deixou mais intrigado é que nunca se fala dessas cinco pessoas. Há uma placa na Rua António Maria Cardoso, nem sequer foi posta pelo Governo, foi posta por pessoas desconhecidas, mas mesmo assim dois dos nomes dos que morreram estão errados”, recordou.

Sobre o ângulo de abordagem do filme, o realizador deu como exemplo as filmagens feitas no Largo do Carmo, para recriar um dos momentos significativos da revolução, com a rendição do então primeiro-ministro Marcello Caetano.

“Quando filmámos no Carmo, a câmara nunca chega a estar junto do [capitão] Salgueiro Maia e dos militares; fica sempre junto das personagens do povo, que estavam lá longe a ver. […] É mostrar a revolução na perspetiva destas pessoas, que não se conheciam de todo e acabam por estar no sítio errado, à hora errada”, disse.

Segundo Rui Pedro Sousa, o arco temporal da narrativa é entre 23 e 30 de abril de 1974, mas o ponto central é o tiroteio no dia da revolução.

“Basicamente estamos a mostrar as pessoas a viverem as suas vidas normais numa ditadura. Um era um ativista muito forte e por detrás de coisa clandestinas [por exemplo]. Morrem por uma liberdade que não chegaram a conhecer, mas que foi importante para todos nós”, justificou o realizador.

O filme, que teve apoio financeiro do Instituto do Cinema e Audiovisual é protagonizado por Rafael Paes, Lucas Dutra, Diogo Fernandes e Manuel Nabais, entre outros.

A rodagem começou no final de agosto e estende-se por outubro em espaços interiores e exteriores de Lisboa.

A estreia de “Revolução (sem) sangue”, primeira longa-metragem de Rui Pedro Sousa, de 37 anos, está prevista para o dia 25 de abril de 2024.

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