Caso tenhas solicitado um empréstimo ao consumo em anos recentes e estejas a suportar uma TAEG elevada, sabias que poderás obter poupanças avultadas se transferires o crédito pessoal para outro banco? Com o aumento das taxas de juro verificada nos últimos anos, esta solução poderá permitir-te economizar vários milhares de euros em juros. Sabe como.
Consumidores têm direito a reembolsar antecipadamente o seu empréstimo
Mediante um simples pré-aviso, que deverá ser feito num prazo mínimo de 30 dias de calendário, qualquer cliente bancário em Portugal tem o direito de reembolsar, quer na sua totalidade quer apenas parcialmente, o montante em dívida no seu empréstimo antes do prazo. Por via da redução dos juros e dos encargos do período remanescente no contrato, a este reembolso antecipado do crédito corresponderá uma redução do custo total do mesmo.
Neste âmbito, é importante saberes que poderá ser cobrada uma comissão por parte da entidade bancária credora a título de compensação pelo pagamento antecipado. No entanto, tal é exclusivamente aplicável aos contratos com base na modalidade de taxa fixa, que, em Portugal, é a solução mais comum no crédito ao consumo.
Existindo bancos que, inclusivamente nos contratos a taxa fixa, não cobram aos seus clientes esta comissão, os encargos pelo reembolso antecipado não poderão ser superiores a:
- 0,5% do valor em dívida, caso o período entre a data de reembolso e a de termo do contrato de crédito seja igual ou superior a um ano;
- 0,25%, caso se trate de um período inferior a um ano.
Conforme a legislação em vigor, esta comissão nunca poderá ultrapassar o valor dos juros que o cliente teria de suportar durante o período decorrido entre o reembolso antecipado e a data estipulada para o termo do contrato.
Isto permite que quem detenha um crédito ao consumo possa, portanto, optar pela transferência do seu financiamento para outro banco e assim beneficiar de melhores condições conforme a evolução da oferta no mercado.
Num processo similar ao de um crédito imobiliário, a nova instituição credora concede ao consumidor o montante equivalente ao valor em dívida na instituição onde originalmente contraiu o empréstimo para que este faça o seu reembolso antecipado.
Quanto custa transferir o crédito pessoal para outro banco?
Adicionalmente à eventual comissão de reembolso antecipado, o processo de transferência do financiamento para outro banco poderá acarretar custos associados à contratualização do novo empréstimo.
Sendo encargos que variam de instituição para instituição, para além do Imposto do Selo de 1,76% sobre o valor do crédito contraído, entre os custos que o consumidor poderá ter de fazer face incluem-se a comissão de dossier/estudo (cuja designação poderá ser também de comissão de análise de processo) e a comissão de contratação/abertura (igualmente denominada de comissão de formalização).
De notar que há instituições que, de forma a atrair novos clientes, não cobram qualquer comissão inicial.
Quanto se pode poupar ao transferir crédito pessoal para outro banco?
Atenta no caso do Nuno, que pediu um crédito pessoal de 30 mil euros a 120 meses (10 anos). Na altura, este professor universitário obteve uma TAEG de 14,3%.
Passados três anos, o Nuno está a equacionar a transferência do empréstimo para outra instituição bancária para aproveitar a descida nas taxas de juro.
O seu primeiro passo foi identificar o valor que ainda tem por liquidar para, posteriormente, poder calcular quanto poderá poupar. Analisando os seus extratos bancários, o professor percebeu que ainda lhe faltavam cerca de 25 mil euros de capital em dívida e, a partir daí, procedeu a uma simulação para obter as melhores ofertas do mercado.
Conforme as propostas obtidas para o seu perfil e necessidades, o Nuno concluiu que poderia baixar consideravelmente a taxa de juro ao transferir o crédito pessoal para outro banco, dado ter obtido propostas com TAEG desde 9% até 11%.
De seguida, este professor universitário procedeu aos cálculos efetivos das poupanças potenciais. E fê-lo com base no cenário mais conservador, uma TAEG de 11%.
Apesar de o Nuno ter obtido propostas que o isentavam de comissões iniciais, uma vez mais, de forma conservadora, fez as contas considerando custos com a comissão de reembolso antecipado e com as comissões e impostos iniciais associados ao novo contrato de crédito.
A tabela abaixo resume as suas conclusões:
Poupança potencial com juros (12.784€ – 9.538€) | 3.246€ |
Custo de amortização total antecipada (25.000€ x 0,005) | -125€ |
Custo potencial aproximado com comissões iniciais e impostos | -1.500€ |
Poupança potencial com transferência | 1.621€ |
O Nuno concluiu que, no pior dos cenários, poderá poupar mais de 1.600 euros. Caso avance com a melhor oferta, que pressupõe uma TAEG de 9% e a inexistência de comissões iniciais, este valor mais do que duplica.
Se, à semelhança do caso apresentado, também solicitaste um empréstimo em anos anteriores e está a suportar uma TAEG superior à atualmente praticada no mercado, deverás ponderar a transferência do crédito pessoal para outro banco. Para além da redução das taxas de juro, poderás inclusivamente ajustar as condições do empréstimo, nomeadamente ao nível do prazo de reembolso.