Dividendos. Uma forma de ter rendimentos passivos na Bolsa de Valores.

Esta semana, Ariana Nunes (educadora financeira e criadora do canal YouTube “Renda Maior) partilha com os leitores da Forever Young algumas importantes explicações sobre uma das principais “fontes” de rendimento passivo.

Existem algumas formas de ganhar dinheiro na bolsa de valores. Provavelmente já leu sobre dividendos ou, então, sobre a remuneração aos acionistas de uma empresa, e não faz ideia do que se trata ou de como funciona? Deixe-me então, ajudar a perceber um pouco mais sobre este assunto.

 

  1. O que são os dividendos na bolsa de valores?

 

De uma forma simplificada, é uma parte dos lucros que as empresas pagadoras de dividendos resolvem distribuir aos investidores na proporção do dinheiro que investiram nas suas ações. Uma recompensa pela compra das ações, conferindo uma rentabilidade associada.

Normalmente, usa-se um rácio que foi criado para medir a rentabilidade dos dividendos de uma empresa em relação ao preço das suas ações, o “Dividend Yield” (rendimento do dividendo). Assim, com a oferta existente em várias bolsas mundiais, poderá escolher boas empresas que sejam pagadoras de dividendos e, por exemplo, criar uma carteira de investimentos que, daí, lhe permita retirar uma quantia mensal ou anual, podendo ser um bom complemento financeiro à sua reforma.

Note que, a distribuição de dividendos é opcional e, por isso, tanto a sua frequência como valor, depende de empresa para empresa.

 

  1. Como funciona o pagamento?

 

Nem todas as empresas na bolsa pagam dividendos, algumas preferem usar esse dinheiro para aumentarem as suas reservas e, com isso, apoiar o crescimento dos seus negócios e melhorar ou inovar os seus produtos. Existem ainda outras empresas, como é o caso das “startups”, que se financiaram para se lançarem e que ainda procuram os seus primeiros lucros, não sendo assim possível distribuírem dividendos nesta fase inicial.

Entretanto, aquelas que optam por pagar, podem-no fazer através de um pagamento trimestral (muito comum nas empresas norte-americanas), semestralmente ou, até mesmo, anualmente, como é frequente acontecer com as empresas cotadas na Bolsa Portuguesa (Euronext Lisbon).

Esse dinheiro, na data de pagamento estipulada pelas empresas, irá ser creditado no saldo da conta do banco ou corretora onde investe. Depois, poderá, para fazer crescer as suas posições, reinvestir esses dividendos, comprando mais ações ou, alternativamente, juntar essas quantias e retirá-las para a sua conta à ordem, usando como bem entender esse dinheiro.

 

  1. Considerações que deve ter em conta.

 

Na atualidade, devido à pandemia, muitas empresas decidiram diminuir, ou até mesmo suspender, os seus dividendos. Algo que muitas empresas nunca tinham feito antes, mas que devido à situação que vivemos, é compreensível a decisão.  Assim, deverá estar a contar com estes imprevistos pois, como este mais recente exemplo mostra, pode ficar sem os rendimentos que esperava receber.

Deverá ainda monitorizar as empresas onde investe pois, se a empresa falir, não há qualquer tipo de garantia em relação ao seu dinheiro. Não só ficará sem os dividendos (os que ainda não foram recebidos), como também, ficará sem o capital que investiu, motivo pelo qual é tão importante acompanhar a saúde financeira das empresas onde é acionista.

Os dividendos não são exclusivos de empresas, poderá também obter rendimentos através de investimentos de fundos, como por exemplo ETFs de distribuição (Exchange Traded Fund), que funcionam como um “cabaz” de várias ações, de forma a ter uma maior diversificação.

 

E não se esqueça dos impostos! Vai ter aqui um desafio acrescido, pois em Portugal irá pagar 28% de taxa sobre os dividendos que receber e, se for de uma empresa estrangeira, não se esqueça de conhecer os acordos que existem sobre a dupla-tributação. Por exemplo, se investir em empresas dos Estados Unidos da América, deverá assinar o formulário W-8BEN (normalmente é assinado eletronicamente através do seu banco ou corretora, quando abre a primeira posição numa bolsa norte-americana), isto para conseguir ter uma diminuição do imposto de lá (sim, neste caso é taxado nos dois países, a primeira vez quando receber, normalmente é logo retido para os EUA e, depois, na sua declaração, onde deverá indicar ao Estado Português os montantes recebidos para ser feito o ajuste final do imposto).

 

Como vê, os impostos tornam menos atrativa uma carteira de ações pagadoras de dividendos, pois uma grande fatia é destinada ao pagamento das obrigações tributárias. Além disso, deverá ver se o seu banco ou corretora não lhe cobram nenhuma comissão por processamento de dividendos ou outro tipo de comissão, evitando que perca mais uma fatia do seu bolo de dividendos.

Precisará de criar uma estratégia, isto é, decidir como pretende aplicar o dinheiro, fazer as suas contas relativamente aos seus investimentos e impostos, planear em que data irá parar de investir e quando pretende levantar, entre outras questões que deverá identificar e perceber bem, antes de se aventurar na bolsa de valores.

Pense nos dividendos como uma fonte de renda passiva, que o ajudem a pagar as suas contas anualmente e que lhe tragam um complemento à sua reforma.

Sabemos que quantas mais pernas tiver uma mesa, mais estável esta será. Fazendo uma analogia com as suas finanças pessoais, porque não pensar em várias fontes de rendimento passivo como alicerce ao seu rendimento mensal/anual no futuro?*

 

*Todo o conteúdo neste artigo apenas serve para fins educacionais e não representa qualquer tipo de aconselhamento financeiro. Consulte sempre um especialista certificado ou faça a sua própria análise no que se trata a investir, pois envolve risco de perdas.

 

 

 

Por Ariana Nunes
(Educadora financeira e criadora do Canal Renda Maior no YouTube)
Site: https://www.youtube.com/rendamaior

 

 

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