Partilhar

Gentrificação aumenta solidão, depressão e piora saúde física de residentes do Porto

No âmbito do projeto HUG foram desenvolvidos estudos que relacionam a gentrificação com a saúde dos residentes. O estudo demonstrou que o aumento da população flutuante trouxe mais stress e ruído.

18 Março 2025
Forever Young com Lusa

Os impactos da gentrificação e da insegurança habitacional têm consequências “negativas claras” na saúde dos habitantes da cidade do Porto e estão associados ao aumento da solidão, depressão e deterioração da saúde física, concluiu um estudo divulgado esta terça-feira.

Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, este projeto de investigação do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) que durou quatro anos centrou-se no impacto da gentrificação urbana, insegurança habitacional e deslocamento forçado (saída de habitações do Porto para a periferia) na saúde física e mental dos portuenses.

No âmbito do projeto HUG, liderado por Ana Isabel Ribeiro, foram desenvolvidos vários estudos, tendo um deles procurado perceber a relação entre a gentrificação e saúde a partir do método Photovoice.

A equipa de investigadores, liderada por José Pedro Silva, pediu a 16 participantes da coorte EPI Porto [estudo longitudinal que, desde 1999, acompanha a população adulta residente no Porto] para fotografar a cidade e mostrar como os processos de gentrificação estão a mudar a vida e saúde dos habitantes.

A informação foi agrupada em “seis grandes temas” associados a várias consequências para a saúde dos portuenses, “algumas positivas, mas a maior parte negativas”.

Um dos temas foi o aumento da população flutuante (turistas ou estudantes), que trouxe “mais stress, ruído e poluição”, fatores que também são assinalados na construção e reabilitação urbana.

A dificuldade de acesso a habitação, que empurrou residentes para a periferia, “enfraqueceu laços sociais e gerou consequências graves” na saúde e qualidade de vida, sobretudo dos mais velhos.

Se as mudanças no comércio local “reduziram o acesso a bens essenciais” e afetaram sobretudo idosos e pessoas com menor mobilidade, a perda do sentido de lugar “causou alienação, mal-estar psicológico e, em alguns casos, um ressentimento potenciador de violência“.

“Estas mudanças socioeconómicas aumentaram as desigualdades, impactando negativamente a saúde publica e, particularmente, a saúde das populações mais vulneráveis”, assinala o estudo.

Com os resultados a indicarem que os impactos da gentrificação afetam sobretudo a população mais velha, os investigadores José Pedro Silva e Cláudia Jardim Santos lançaram uma nova investigação, na qual entrevistaram 12 mulheres e sete homens, entre os 62 e 88 anos.

Os resultados demonstram que o aumento da população flutuante trouxe “mais ruído, poluição, stress e sérias dificuldades de mobilidade”, e que a falta de habitação culminou em “deslocamentos forçados”.

“Muitos relataram sentimentos de desenraizamento e perda de suporte social, com casos de depressão e até mesmo relatos de morte precoce entre a população deslocada”, lê-se.

A crise habitacional na cidade motivou outra investigação sobre o deslocamento forçado com base numa amostra de 12 voluntários que viveram em casas arrendadas e foram obrigados a sair.

Também liderado por José Pedro Silva, o estudo mostrou que a relocalização tem impactos negativos, causando sentimentos como “angústia, ansiedade, depressão, tristeza, impotência, ressentimento e dificuldade em dormir”.

Mais Recentes

Opinião: «Como é que os critérios de qualidade em endoscopia digestiva afetam a prática clínica?», Ricardo Küttner Magalhães, médico gastrenterologista

há 1 minuto

Envelhecimento saudável pode dar 0,4 pontos percentuais a crescimento do PIB mundial

há 21 minutos

Investigadores portugueses mais perto de nova imunoterapia contra cancro colorretal

há 23 minutos

Pedidos de autodeclarações de doença aumentam, totalizando 888 mil desde 2023

há 25 minutos

Abertas 579 vagas para médicos de família, 97 para zonas carenciadas

há 26 minutos

Governo assinou 90 contratos para criar 3.300 camas de cuidados continuados e paliativos

há 28 minutos

Fisco alerta para emails e SMS fraudulentos que estão a ser enviados a contribuintes

há 30 minutos

Os 5 alimentos da Páscoa que são perigosos para o seu cão

há 38 minutos

4 signos que vão sentir um alívio financeiro até ao fim do mês de abril

há 1 hora

Celebrar 50 anos: dicas para planear uma festa inesquecível

há 2 horas

Importa esclarecer: tem a certeza que sabe aplicar (bem) o protetor solar?

há 4 horas

Lembra-se dos Chuck Taylor All Star XX-Hi? Os All Star de cano longo estão de volta

há 4 horas

O mais recente ícone de moda da terceira idade tem mais de 80 anos

há 4 horas

Tratamentos para rejuvenescer a região dos olhos depois dos 50 anos

há 4 horas

Específicos e importantes: cuidados a ter com a pele após os 60 anos

há 4 horas

Maiores de 60 anos: jogar golfe regularmente pode reduzir o risco de morte precoce

há 4 horas

Ageótipos: conheça os diferentes tipos de envelhecimento

há 5 horas

Adivinha quem voltou? Dicas para usar pérolas em 2025

há 6 horas

O sucesso está ao alcance de todos: as 30 melhores profissões para maiores de 50 anos

há 6 horas

Como manter saudáveis os cabelos compridos depois dos 50 anos

há 6 horas

Subscreva à Newsletter

Receba as mais recentes novidades e dicas, artigos que inspiram e entrevistas exclusivas diretamente no seu email.

A sua informação está protegida por nós. Leia a nossa política de privacidade.