Apenas uma em cada cinco mulheres sabe exatamente o que é a microbiota vaginal, mas o conhecimento aumenta quando se utiliza o termo flora vaginal, de acordo com dados de um inquérito do Observatório Internacional de Microbiotas, realizado nos meses de março e abril, em Portugal, Espanha, França, EUA, Brasil, México e China.
Em termos globais, os resultados deste inquérito revelam uma falta de compreensão generalizada sobre o contributo da microbiota vaginal para a saúde e sobre as formas de a preservar, para prevenir, por exemplo, irritações ou infeções. Além disso, mostra que ainda são poucos os profissionais de saúde que abordam este tema nas consultas, sobretudo com as mulheres mais idosas.
Apenas 1 em cada 4 mulheres com 60 ou mais anos afirma que o seu médico lhe ensinou o que é a microbiota vaginal e para que serve. Ao contrário, o grupo etário dos 25 aos 34 anos é o mais bem informado pelos médicos. Em termos gerais, menos de 1 em cada 2 mulheres recebeu explicações sobre o que é a microbiota vaginal, qual a sua função e os comportamentos a adotar para manter uma microbiota vaginal equilibrada.
Mas o que é afinal este órgão tão pouco conhecido?
Microbiota é o termo usado para definir a comunidade de microrganismos num ambiente específico, como por exemplo a microbiota vaginal (mais conhecida como flora vaginal). Se estiver saudável e equilibrada terá muitas centenas de bactérias benéficas e um menor número de bactérias prejudiciais para a saúde e fungos (Candida, por exemplo).
Algumas bactérias, particularmente os lactobacilos, ajudam a manter um ambiente vaginal saudável e impedem que microrganismos nocivos se instalem na vagina. Qualquer desequilíbrio poderá levar a sintomas como corrimento incomum, ardor e irritação, prurido e odor vaginal desagradável.
A microbiota vaginal é uma comunidade dinâmica, sujeita à influência de diferentes fatores, e que evolui ao longo da vida. A sua composição muda radicalmente desde a infância, ao passar pela idade adulta, e até à menopausa. Daí que seja importante usar produtos de higiene íntima adequados, além de outros cuidados, como evitar roupa apertada e tecidos sintéticos (optar por algodão), mudar regularmente o penso higiénico ou tampão durante a menstruação ou banir os duches vaginais, porque a microbiota vaginal tem uma função de autolimpeza.
Alguns dados sobre o inquérito:
– Apenas 1 em cada 3 mulheres sabe que as bactérias da microbiota vaginal são seguras para a vagina das mulheres (37%) e que a vaginose bacteriana está associada a um desequilíbrio da microbiota vaginal (35%);
– 1 em cada 3 mulheres sabe também que o parto (vaginal ou por cesariana) tem impacto na microbiota intestinal do recém-nascido (30%);
– Questionadas sobre os comportamentos corretos a adotar para proteger a saúde da microbiota vaginal, as inquiridas deram uma pontuação média relativamente baixa de 2,8/5;
– Apenas 14% das mulheres afirmam que o médico lhes falou, mais do que uma vez, sobre o que é a microbiota vaginal e para que serve;
– 86% das mulheres inquiridas gostariam de ter mais informações sobre a importância da microbiota vaginal e o respetivo impacto na saúde;
– Cerca de 40% das mulheres que sabem o que é a microbiota vaginal demonstram preocupação em mantê-la equilibrada e tomam probióticos/prebióticos (via oral ou vaginal).
O Observatório Internacional de Microbiotas também revelou contrastes consideráveis entre países em termos de conhecimentos, comportamentos e informações fornecidas pelos profissionais de saúde. Os resultados estão disponíveis no website do Instituto Biocodex Microbiota.