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Opinião: «HPV e fertilidade: infeção afeta ambos os sexos», Catarina Marques, ginecologista

Artigo de opinião de Catarina Marques, ginecologista e especialista em Medicina da Reprodução no IVI Lisboa

18 Fevereiro 2025
Catarina Marques, ginecologista e especialista em Medicina da Reprodução no IVI Lisboa

Estamos todos expostos ao vírus da família Papillomaviridae, mais conhecido como HPV, em particular após o primeiro contacto sexual. Este vírus, que tem mais de 150 genótipos, pode causar verrugas ou lesões de alto grau ou mesmo cancro no colo do útero, principalmente os das estirpes ou serotipos 16 e 18, responsáveis por 70% dos casos de cancro do colo do útero.

Aproximadamente 80% das mulheres sexualmente ativas têm contacto com, pelo menos, um subtipo de HPV em algum momento da vida. Na maioria dos casos, as infeções são temporárias e acabam por ser eliminadas de forma espontânea. No entanto, este vírus também pode permanecer inativo ou silencioso por um tempo variável e manifestar-se anos após o contacto de transmissão.

Muitas mulheres chegam à clínica preocupadas. Querem saber se esta infeção pode afetar a sua capacidade de engravidar ou levar uma gravidez a termo. É preciso esclarecer que este vírus não causa infertilidade por si só. Alguns estudos sugerem que apenas quando há também uma infeção com clamídia é que o risco de infertilidade aumenta, assim como um risco maior de aborto espontâneo.

O HPV pode trazer maiores dificuldades, nos casos de sequelas após tratamentos cirúrgicos – incluindo a remoção do próprio colo do útero ou de todo o útero.

Quando há uma infeção sexualmente transmissível coexistindo com o vírus, ela pode levar a uma esterilidade com origem na obstrução das trompas. Nestes casos, os óvulos não podem ser transportados e, consequentemente, não haverá óvulo para o espermatozoide fecundar e, assim, formar um embrião.

Além disso, as mulheres grávidas infetadas podem transmitir a infeção ao recém-nascido através do canal de parto, tornando possível o aparecimento de infeção respiratória persistente (papilomatose orofaríngea), um evento muito improvável, mas não impossível.

Quais são as consequências para os homens?

Em relação à população masculina, números europeus recentes, publicados na revista científica The Lancet, indicam que 31% dos homens sexualmente ativos têm este vírus e 21% estão infetados com um HPV de alto risco. Além disso, assim como as mulheres são mais propensas a ter cancro de colo de útero, os homens podem desenvolver outros tipos de doença cancerígena, como o cancro de pênis, ânus e garganta, também associados aos serotipos 16 e 18 desta doença viral.

Em relação à forma como afeta a fertilidade, esta doença sexualmente transmissível provoca baixa mobilidade espermática, o que dificulta a capacidade dos espermatozoides de se movimentarem livremente, pelo que influencia diretamente as hipóteses de conseguir engravidar a parceira. Em paralelo, também pode afetar a qualidade seminal ou fragmentação do seu DNA.

Tendo em conta que o HPV pode ser transmitido, quer por via oral, vaginal ou anal, mesmo quando se usa preservativos, a melhor forma de prevenção é a vacinação contra o HPV para ambos os sexos e os rastreios.

A deteção precoce é fundamental para verificar se existe alguma alteração suspeita e esclarecer a que genótipo ou estirpe de HPV corresponde. Só desta forma é possível tomar as medidas terapêuticas relevantes e evitar impactos diretos na fertilidade ou na capacidade de levar uma gravidez a termo sem complicações.

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