Sobrevivente do Holocausto, aos 96 anos, lidera banda de death metal
Inge Ginsberg é uma antiga jornalista que, há quatro anos, se tornou vocalista dos Inge & the TritoneKings.
Apesar de dizer que não canta nada, a antiga jornalista nascida em Viena, em 2015, assumiu um novo projeto na sua vida recheada de histórias, quando passou a liderar uma banda musical. Logo nesse ano e no seguinte, os Inge & the TritoneKings aspiraram a representar a Suíça no Festival Eurovisão da Canção, mas não se conseguiram apurar para o certame musical.
No documentário, produzido em Nova Iorque, que conta a sua história, Inge Ginsberg assumiu não saber cantar, «não aguento uma nota», mas admitiu que foram os amigos que a convenceram a entrar para uma banda de death metal, onde «as coisas funcionam porque eu só tenho de dizer as palavras [da letra]», confessou a vocalista do grupo. A antiga jornalista critica, também, o facto de que a «sociedade não está interessada em ouvir os mais velhos», acrescentou.
Além de dar voz aos temas dos Inge & the TritoneKings, Inge Ginsberg também compõe muitas das canções que canta, nas quais o mais importante são as mensagens, pois «no death metal não há propriamente poemas», justifica. A autora do documentário, Leah Galant, revelou a sua surpresa, no The New York Times, por «esperar encontrar uma casa cheia de coisas dos Metallica» e, afinal, pensar que tinha ido «visitar a minha avó», reconheceu.
Perfil de Inge Ginsberg
Nascida em 1922, no seio de uma abastada família de judeus, teve uma infância de sonho em Viena. Em criança aprende a tocar piano. A vocalista recordou que «vivia muito bem na cidade», a família tinha empregados e «uma vivenda para os fins de semana», até à chegada dos nazis ao poder.
Depois, o pai fugiu para Inglaterra e ela foi com a mãe para a Suíça, com a ajuda de um amigo da família que, para as ajudar na fuga, lhes exigiu todas as joias da família. No entanto, acabaram num campo de refugiados.
Mais tarde, Ginsberg trabalhou como espia para os serviços secretos norte-americanos e, no fim da guerra, conheceu o marido, o compositor musical Otto Kollman. Emigrou para os Estados Unidos da América (EUA) e fixou residência em Los Angeles, onde chega a compor para nomes como Nat King Cole, Doris Day e Dean Martin.
Noutra fase da sua vida, nos anos 50, e já mãe, Inge Ginsberg regressa à Áustria, onde trabalha como jornalista. Posteriormente, a vocalista dos Inge & the TritoneKings volta aos EUA, onde reside, atualmente, nos arredores de Nova Iorque.