“Estamos a construir um projeto muito inovador. É um projeto que é único em Portugal que se destina a pessoas com Alzheimer e Parkinson e que vai ficar quase como uma aldeia”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da associação, Leonardo Paredes Batista.
O novo equipamento, que está a nascer na aldeia de Sanfins, no concelho de Valpaços, distrito de Vila Real, vai ter capacidade para acolher 58 utentes com doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, e vai ter espaços como uma mercearia, farmácia, cabeleireiro, restaurante, um quiosque, várias lojas comerciais, serviços de fisioterapia, bem como de terapia com animais, designadamente cavalos.
Contará ainda com peixes, pássaros e salas de música, de ‘snoezelen’, que se destina à estimulação multissensorial do cérebro, e uma outra de silêncio.
“Tenho notado que as pessoas que temos nos lares, muitas delas têm Alzheimer e nós não lhes podemos dar aquilo que elas precisam”, justificou Leonardo Paredes Batista, que disse estar ligado à área social há cerca de 40 anos e defendeu espaços dedicados a estes doentes e às suas famílias.
A inspiração para “esta aldeia” veio de um projeto semelhante nos Países Baixos e em Espanha (Salamanca), onde existe um centro de referência estatal destinado a pessoas com Alzheimer e outras demências.
O investimento previsto ronda os três milhões com euros e resulta de um financiamento do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (Pares), do apoio da Câmara de Valpaços e de um empréstimo bancário da instituição particular de solidariedade social (IPSS).
A obra arrancou em fevereiro de 2023, deverá estar concluída até 31 de dezembro e o novo equipamento deverá entrar em funcionamento até ao final do primeiro trimestre de 2025.
Ainda em Sanfins, a Associação de Solidariedade Social São Pedro vai construir oito apartamentos para habitação colaborativa, de tipologias T0, T1 e T2, com capacidade de alojamento para 19 residentes, um projeto destinado a pessoas que ainda estejam autónomas
“É um modelo que vai privilegiar a inclusão e o combate ao isolamento das pessoas que estão em situação de maior vulnerabilidade social, como são os idosos ou pessoas com deficiência, isto sempre numa perspetiva de equilíbrio entre a privacidade individual e o espaço coletivo”, explicou Leonardo Paredes Batista.
Estas habitações colaborativas vão nascer numa antiga casa de grandes dimensões, localizada naquela aldeia transmontana, que vai ser reconstruída para o efeito.
O objetivo é manter o convívio e a ligação entre os utentes e os moradores daquela aldeia.
Para além das habitações, o projeto inclui ainda a construção de espaços comuns para, por exemplo, atividades físicas e culturais.
“Aqui as pessoas fazem a sua vida independente e nós, como instituição, estamos sempre disponíveis para fazer o apoio domiciliário a nível da alimentação, da limpeza de casa ou da higiene pessoal”, explicou o presidente da associação.
O responsável adiantou que a obra será colocada a concurso público em setembro e que terá de estar concluída em março de 2026.
O investimento previsto ronda um milhão de euros, com financiamento assegurado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A Associação de Solidariedade Social São Pedro dispõe de duas estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI), uma em Sanfins, que acolhe 51 utentes, e outra em Santa Maria de Émeres, com 20 utentes.
Proporciona ainda apoio domiciliário a cerca de 30 utentes de várias freguesias de Valpaços e protocolou com a Segurança Social a distribuição de alimentos às pessoas mais carenciadas dos concelhos de Valpaços e de Vila Pouca de Aguiar.