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Opinião: « Pode uma cirurgia para a obesidade reduzir o risco de cancro?», Doutor Gil Faria, cirurgião

Artigo de opinião de Doutor Gil Faria, cirurgião especialista em Cirurgia da Obesidade e Metabolismo

17 Fevereiro 2025
Doutor Gil Faria Cirurgião especialista em Cirurgia da Obesidade e Metabolismo
Matosinhos, 18/9/2023 - Cirurgia à obesidade em ambulatório, no Hospital Pedro Hispano. Gil Faria, médico cirurgião. (André Rolo / Global Imagens)

A obesidade é uma condição médica complexa que vai muito além das questões estéticas. Ao longo dos anos, diversos estudos têm estabelecido uma forte ligação entre a obesidade e o desenvolvimento de vários tipos de cancro. Embora muitas pessoas ainda não associem estas duas doenças, a ciência aponta para um risco significativamente aumentado de vários tipos de tumores em pessoas com esta doença, como os cancros da mama, cólon, esófago, rim, pâncreas e fígado.

A explicação para essa relação está nas alterações biológicas que a obesidade causa no corpo humano. A obesidade surge associada a um aumento global da inflamação de baixo grau, o que pode danificar o ADN celular e promover o desenvolvimento de tumores. Além disso, o tecido adiposo é metabolicamente ativo e capaz de produzir hormonas, como o estrogénio. O aumento desta hormona está relacionado, por exemplo, ao risco de cancro da mama em mulheres após a menopausa. Da mesma forma, a obesidade provoca resistência à insulina, elevando os seus níveis, assim como de outros fatores de crescimento que podem estimular o desenvolvimento de células cancerígenas.

Estudos epidemiológicos demonstram que cerca de 20% dos casos de cancro podem ser atribuídos à adiposidade e a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a obesidade (a par do tabagismo) como um dos principais fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento de cancro. Diante desta realidade, a prevenção e o tratamento da obesidade emergem como estratégias importantes, não apenas para melhorar a qualidade de vida e a saúde global, mas também para reduzir o risco de cancro.

Neste cenário, a cirurgia metabólica (ou bariátrica) tem-se destacado como uma intervenção eficaz no tratamento da obesidade e das suas comorbilidades, incluindo o risco aumentado de cancro. A cirurgia metabólica visa a redução do peso corporal por meio de técnicas que alteram o sistema digestivo, limitando a ingestão de alimentos e modificando a absorção de nutrientes.

Além da perda de peso substancial e sustentada, um dos efeitos mais benéficos da cirurgia metabólica é a modificação dos fatores biológicos que influenciam o risco de cancro. A perda de gordura visceral após a cirurgia reduz os níveis de inflamação sistémica e normaliza o perfil hormonal e metabólico, diminuindo os níveis de estrogénio, insulina e outros fatores de crescimento que favorecem a proliferação

celular. Alguns estudos mostram que a cirurgia bariátrica pode reduzir o risco de desenvolvimento de certos tipos de cancro em até 33%, especialmente em mulheres, com destaque para os tumores da mama, do endométrio ou do cólon.

A cirurgia metabólica não é uma solução mágica para todos os problemas de saúde associados à obesidade, mas os seus benefícios vão muito além da simples perda de peso. É eficaz na prevenção de diversas doenças, incluindo doenças cardiovasculares e determinados tipos de cancro. No entanto, é importante lembrar que a cirurgia deve ser acompanhada por mudanças permanentes no estilo de vida, como uma alimentação saudável e a prática regular de atividade física, para garantir a manutenção dos resultados a longo prazo.

Combater a obesidade é uma estratégia fundamental para reduzir o risco de cancro. A cirurgia metabólica surge como uma ferramenta poderosa, não apenas para a perda de peso, mas também para a modificação dos processos biológicos que tornam o organismo mais suscetível ao desenvolvimento de tumores. Assim, ao promover a saúde metabólica e a qualidade de vida, a cirurgia metabólica desempenha um papel crucial na luta contra o cancro associado à obesidade.

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