O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu aos Estados-membros, na última segunda-feira, durante a reunião anual da entidade, que se envolvam mais nas negociações em curso para elaborar um tratado contra pandemias com vistas a evitar que se repitam os efeitos causados pela Covid-19.
«Peço a cada Estado que se envolva de forma construtiva e urgente nas negociações do acordo contra as pandemias […] para que o mundo nunca mais tenha de enfrentar a devastação de uma pandemia como a de Covid», destacou Tedros.
«Deve ser um compromisso geracional de que não repetiremos o pânico e a negligência que tornaram este mundo tão vulnerável», recomendou o chefe da OMS.
O responsável também afirmou que o fim da Covid como emergência internacional «não é o seu fim como ameaça à saúde» e disse que ainda existe o risco de a doença evoluir com variantes que gerem novas ondas de infeções e mortes.
«Também continua o perigo de um novo patógeno com letalidade ainda maior», alertou Tedros, ressaltando que é necessário construir sistemas de defesa para futuras pandemias, o que incluiria o tratado que a OMS espera finalizar em 2024.
Tedros fez um balanço dos últimos 12 meses de trabalho da OMS, marcados pela declaração, há apenas duas semanas, do fim da emergência internacional devido à Covid-19, depois de a doença ter causado cerca de 20 milhões de mortes, de acordo com os últimos cálculos da organização.
Além da luta contra a Covid e a mpox (cuja emergência internacional também terminou em maio), a OMS respondeu a 70 crises de saúde em 2022, «desde as inundações no Paquistão até o ebola em Uganda, da guerra na Ucrânia aos surtos de cólera em cerca de 30 países», lembrou Tedros.
O responsável ressaltou que, apesar do fim das emergências internacionais pela Covid-19 e pela mpox, ainda se mantém aquela declarada pela OMS desde 2014 para a poliomielite, com surtos especialmente graves em países como o Paquistão e o Afeganistão.
No combate à tuberculose, a OMS recomendou, no ano passado, o primeiro tratamento exclusivamente oral, que reduz o prazo de aplicação de 18 para seis meses e já foi adotado em mais de cem países.
“No entanto, só podemos acabar com a tuberculose com vacinas eficazes”, disse Tedros, lembrando que foram lançados programas de estudo e financiamento desses medicamentos.
“Se foi alcançado com a Covid, também deve ser possível com a tuberculose”, assegurou.