O cantor espanhol Julio Iglesias, de 81 anos, está a enfrentar grandes desafios relacionados com a sua mobilidade. De acordo com o jornalista espanhol Carlos Herrera, amigo próximo do artista, Iglesias foi diagnosticado com osteoblastoma, um tumor benigno que afeta a coluna vertebral. Essa condição tem causado dificuldades significativas para o cantor se conseguir mover.
Herrera esclareceu que os problemas de saúde de Iglesias não estão relacionados com o acidente ocorrido na juventude, como alguns rumores sugeriram. O jornalista explicou que o osteoblastoma tem causado deficiências na coluna do cantor, levando a um desgaste progressivo.
Mas o que é o osteoblastoma?
Falámos com José Marinhas, ortopedista e especialista em coluna da Clínica Espregueira no Porto, que começou por nos explicar que o osteoblastoma é um tumor ósseo benigno e pouco comum, representando menos de 1% de todos os tumores que se desenvolvem nos ossos.
«Atinge principalmente jovens entre os 10 e os 30 anos, sendo mais frequente em rapazes. Apesar de benigno, ou seja, sem capacidade de causar metástases, o osteoblastoma pode crescer de forma progressiva e afetar estruturas importantes, provocando dor e limitação funcional», refere o especialista, acrescentando que o tumor «costuma aparecer na coluna vertebral, sobretudo nas partes posteriores das vértebras, mas também pode surgir em ossos longos como o fémur, a tíbia ou o úmero», sendo que em alguns casos «mais raros, pode estar localizado na face ou no crânio».
Como refere José Marinhas, a sua localização influencia muito os sintomas, «por exemplo, quando atinge a coluna, pode provocar dor nas costas persistente, rigidez e até sintomas neurológicos, como formigueiros ou fraqueza nos membros, caso haja compressão dos nervos ou da medula».
De fato, quando falamos desta patologia, a dor é o sintoma mais comum, «distinguindo-se por ser contínua e podendo piorar com o tempo; ao contrário de outros tumores benignos, a dor do osteoblastoma muitas vezes não melhora com analgésicos ou anti-inflamatórios, o que levanta suspeitas e leva à investigação médica».
Relativamente ao seu diagnóstico, o especialista ouvido pela Forever Young esclarece que são necessários exames de imagem como radiografias, tomografia computorizada (TC) e ressonância magnética (RM). «Estes ajudam a localizar o tumor, a perceber a sua dimensão e a avaliar se está a invadir estruturas vizinhas», sublinha, referindo que, no entanto, «a confirmação do diagnóstico só é possível através de uma biópsia — uma pequena amostra retirada do tumor posteriormente analisada ao microscópio».
Questionado sobre o tratamento principal para este tumor, José Marinhas refere desde logo a sua remoção cirúrgica completa. «Quando a cirurgia é feita de forma eficaz, a taxa de cura é elevada», refere, alertando que, no entanto, «se o tumor não for completamente retirado, pode voltar a crescer. Por isso, o acompanhamento após a cirurgia é essencial, com exames periódicos para garantir que não há recidiva».
José Marinhas destaca que, «em alguns casos mais complexos, quando a cirurgia completa não é possível ou há risco de recaída, podem ser consideradas outras terapias, como a radioterapia, embora com precaução, uma vez que há relatos raros de transformação maligna após esse tipo de tratamento».
Apesar de raro, o osteoblastoma é uma condição que deve ser levada a sério, reforça o ortopedista e especialista em coluna. «Um diagnóstico precoce e um tratamento adequado, feitos por equipas médicas experientes, são fundamentais para garantir os melhores resultados e preservar a qualidade de vida dos pacientes — sobretudo por se tratar de uma doença que atinge preferencialmente pessoas jovens e ativas», conclui.