O projeto RePo-SUDOE – “Drug Repurposing para o Desenvolvimento Efetivo e Acelerado de Medicamentos no Espaço SUDOE” tem como objetivo desenvolver e divulgar tecnologias para o reposicionamento de fármacos, identificando medicamentos já existentes no mercado que possam ser usados para tratamento do cancro sem ter de se esperar por longos processos de aprovação de novos fármacos, avança a Lusa.
É um projeto multidisciplinar que envolve entidades do sistema científico e tecnológico, empresas, organizações da sociedade civil e organismos públicos, de Portugal, Espanha e França.
Será coordenado pelo Centro de Potencial e Inovação de Recursos Naturais do IPG.
Participam a Universidade da Corunha, a Universidade de Santiago de Compostela, o Centre National de la Recherche Scientifique (Bordéus), a MD.USE Innovations S.L. (Corunha), a Sociedade Portuguesa da Saúde Pública e o Cluster Saúde de Galicia.
E são parceiros associados o Centro Académico Clínico das Beiras, a Subdireccion General de Farmacia do Servizo Galego de Saúde (Xunta de Galicia) e o Cancéropôle Grand Sud-Ouest (Toulouse).
O docente na Escola Superior de Saúde e investigador coordenador no Centro de Potencial e Inovação de Recursos Naturais do IPG, Hugo Filipe, explicou que, “atualmente, o desenvolvimento de novos medicamentos tem elevadas taxas de insucesso, custos e morosidade, o que justifica a emergência do ‘drug repurposing’, uma vez que este permite novas indicações terapêuticas para medicamentos já disponíveis no mercado”.
Segundo Hugo Filipe, este projeto irá impulsionar a atividade da indústria biofarmacêutica nas regiões onde as instituições de ensino superior estão sediadas, nomeadamente na Guarda, fixando nelas novos recursos humanos muito qualificados.
A metodologia deste projeto tem como ponto de partida a identificação do tipo específico de cancro que se pretende combater, procurando depois fármacos já aprovados que possam ser eficazes.
“Durante este processo analisam-se as estruturas moleculares, tanto dos alvos terapêuticos (proteínas das células cancerígenas), como dos fármacos que estão a ser estudados, para entender como estas interagem umas com as outras”, explicou o docente.
Um dos instrumentos para o estudo dessas interações será um protótipo interativo que vai ser instalado no Politécnico da Guarda, que funcionará como um espaço de ensaio para as interações entre os medicamentos analisados e células em crescimento desregulado que constituem a maioria dos cancros.
A Escola Superior de Saúde, na Guarda, passará a dispor de uma sala de visualização tridimensional (3D) que permitirá a investigadores e estudantes observarem em direto a forma como reagem os alvos terapêuticos ao contacto com as moléculas dos medicamentos que estão a ser testados.
Para o presidente do IPG, Joaquim Brigas, o projeto RePo-SUDOE “vai impulsionar o conhecimento científico e difundir a tecnologia para o ‘drug repurposing’ junto de agentes públicos e privados em Portugal, Espanha e França”, colocando o IPG e os seus parceiros a trabalhar na primeira linha da I&D farmacêutica europeia.