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Dez mil portugueses morrem ou ficam incapacitados por poluição no setor da saúde por ano

João Queiroz e Melo, pioneiro no transplante cardíaco em Portugal, alertou que, todos os anos, cerca de 10.000 pessoas morrem precocemente ou ficam incapacitadas devido aos impactos ambientais causados pelo setor da saúde em Portugal.

8 Junho 2024
Forever Young com Lusa

Os cuidados de saúde em Portugal são responsáveis por quase 5% de todos os impactos ambientais que se produzem no nosso país”, afirmou Queiroz e Melo, vice-presidente do Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA), que falava à Lusa a propósito do Dia Mundial do Ambiente.

O setor da saúde é responsável, em Portugal, por cerca de 4,8% das emissões de gases com efeito de estufa e por uma considerável quantidade de resíduos, refere o CPSA, realçando que seria necessário plantar mais de 168 milhões de árvores para retirar este dióxido de carbono da atmosfera.

O setor da saúde é responsável, em Portugal, por cerca de 4,8% das emissões de gases com efeito de estufa e por uma considerável quantidade de resíduos, refere o CPSA, realçando que seria necessário plantar mais de 168 milhões de árvores para retirar este dióxido de carbono da atmosfera.

 

“A cultura do descartável é algo intolerável que tem que mudar”, defendeu Queiroz e Melo, que desde que se reformou da prática clínica há cerca de 14 anos tem-se dedicado à causa ambiental.

“A cultura do descartável é algo intolerável que tem que mudar”, defendeu Queiroz e Melo, que desde que se reformou da prática clínica há cerca de 14 anos tem-se dedicado à causa ambiental.

 

Salientou que a redução da pegada ecológica no setor da saúde é “uma preocupação há muito tempo” nos “países mais desenvolvidos e mais transparentes”, mas, disse, “em Portugal, ando a falar disto há 10 anos e finalmente, nos últimos um ou dois anos, as pessoas começaram de facto a perceber que há um problema que é preciso resolver, sempre sem prejuízo da qualidade dos cuidados, porque isso é intocável”.

 

Segundo o cirurgião, é possível reduzir 30% destes impactos, “sempre sem prejuízo da qualidade dos cuidados”, e poupar. “Não é preciso fazer investimentos. É preciso é mudar de hábitos e, no caso concreto português, é preciso mudar alguma legislação que é do século passado”, disse Queiroz e Melo.

 

Exemplificou com a lei dos resíduos hospitalares que é de 1996 e que disse estar “grosseiramente errada” e em contraciclo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde.

 

“Tenho falado nisto nos últimos anos dizem que “sim senhora, mas ninguém a muda, ninguém faz nada, é intolerável. De tal forma que escrevi um livro que publiquei há dois anos chamado ‘Cuidados de saúde e ambiente. Uma verdade incómoda”, disse, comentando: “Se fosse preciso investir milhões, era mais fácil mudar a lei”.

 

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