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Saúde mental: «É preciso ultrapassar o estigma das redes sociais e aproveitá-las para combater a desinformação», Pedro Moura, diretor-geral da Merck Portugal

Dados Europeus do Inquérito FutURe dos últimos três anos destacam a saúde emocional como a prioridade dos jovens nos dias de hoje.

24 Fevereiro 2025
Sandra M. Pinto

Neste contexto, seis especialistas portugueses das gerações Z e Millennial reuniram-se para debater as preocupações referentes à saúde mental e ao bem-estar emocional. Teve lugar a primeira de um conjunto de mesas-redondas que pretendem dar voz aos jovens sobre temas que os preocupam. 

O objetivo é criar um conjunto de recomendações para Portugal e restante Europa, não só para o presente mas numa perspetiva a longo prazo para as futuras gerações, para combaterem o que dizem ser “a doença crónica dos jovens”. O FutURe é um projeto de longo prazo, conduzido pela Merck, que «procura identificar e abordar os temas de interesse para as gerações futuras, dando-lhes a oportunidade de expor as suas necessidades, opiniões e preocupações com os principais decisores e instituições, para que as suas vozes sejam ouvidas, tanto a nível nacional como europeu», como revela em entrevista à Forever Young, Pedro Moura, diretor-geral da Merck Portugal.

O que é e como surgiu o projeto FutURe, da Merck?
O FutURe é um projeto ambicioso e de longo prazo, conduzido pela Merck, que procura identificar e abordar os temas de interesse para as gerações futuras, dando-lhes a oportunidade de expor as suas necessidades, opiniões e preocupações, para que as suas vozes sejam ouvidas, tanto a nível nacional como europeu. O projeto foi lançado para tornar possível uma conversa muito necessária entre gerações e para enfrentar os desafios com que nos deparamos enquanto sociedade.
Os Millennials e a Geração Z, que constituem já a maioria da força produtiva dos países europeus, são os protagonistas da atual e inevitável transformação social, com prioridades políticas e sociais diferentes daquelas que eram partilhadas pelas gerações anteriores (Geração X, Boomers e outras). Queremos garantir que sejam ouvidos e que possam construir e participar no futuro do desenvolvimento humano, do qual vão ser protagonistas.

A quem se dirige e quais os objetivos que se propõem alcançar?
O FutURe tem como objetivo, num primeiro momento, ouvir os jovens das gerações Z e Millennial, exporem as suas preocupações e expectativas, para depois trazer estes temas para a agenda pública, junto dos decisores políticos. A ideia é envolvê-los no processo de tomada de decisões, influenciando na criação de um futuro melhor para as gerações jovens.

Numa ação recente confirmaram a doença mental como a “doença crónica dos jovens”. Na vossa opinião o que levou a esta situação?
A situação atual, no que diz respeito à saúde mental, é impactada por uma conjugação de diferentes fatores: as gerações Z e Millennial testemunharam o forte impacto, nos seus projetos de vida, da chamada Grande Recessão de 2008-2013, marcada por um crescimento económico muito reduzido, e foram ainda impactados pela crise resultante da COVID-19. Além disso, são – e serão ainda mais – afetados pelas consequências dos atuais conflitos bélicos, da crise climática, do desemprego e do aumento do custo de vida, das pressões da esfera digital e dos meios de comunicação social, que agravaram a instabilidade do contexto socioeconómico. Adicionalmente, a pandemia também maximizou o impacto de todos estes fatores ao aumentar o alerta e a consciencialização para os problemas de saúde mental. Aqui, assistiu-se mesmo a uma mudança de paradigma, que distingue claramente estas gerações das anteriores: a prioridade é, para os jovens, cada vez mais o seu bem-estar emocional, com as questões associadas à saúde mental a assumirem um papel de destaque nas suas preocupações.

A tudo isto junta-se ainda uma forte pressão social, reforçada por um mercado de trabalho muito competitivo, e o que os jovens definem como a pressão para serem brilhantes em todas as áreas.

O que propõem como solução esses jovens especialistas que participaram na mesa-redonda?
Foram vários os caminhos e medidas propostas na mesa-redonda. Aumentar o acesso às consultas de saúde mental e a urgência de uma intervenção precoce foram os pontos de partida para as recomendações definidas. E porque defendem que as gerações anteriores estão menos atentas a esta problemática, carecem de literacia, assim como de alguma empatia e compreensão, sugeriram também o reforço da formação dos profissionais de saúde nos domínios da saúde mental, da relação profissional-doente em geral, promovendo uma abordagem “doente como educador” para melhorar a compreensão mútua, nomeadamente no que respeita à abordagem da comunidade LGBTQIA+ e de outros grupos que experienciem situações de vulnerabilidade.

A educação foi um tema comum ao longo de toda a mesa-redonda, vista pelos especialistas como o pilar para a normalização da saúde emocional e do bem-estar na sociedade, pelo que propõem a criação de um programa de educação para a saúde mental e literacia emocional nas escolas.

Seguindo o exemplo, bem-sucedido, da campanha de reciclagem, que conseguiu mudar os hábitos nacionais, propõem ainda o desenvolvimento de uma campanha multissetorial de sensibilização e a realização de estudos de impacto económico para avaliar os custos da saúde mental e os benefícios da prevenção desta doença.

Que papel podem desempenhar os influenciadores na sensibilização em saúde mental?
Os influenciadores têm um papel fundamental na sensibilização para a saúde mental, não só pelo número de pessoas que impactam, mas também pela forma como podem veicular informação fidedigna e baseada em evidência (são cada vez mais os perfis de medical influencers nas redes sociais). Representam uma oportunidade de comunicação para combater os perigos da desinformação, isto apesar de as redes sociais representarem, simultaneamente, uma oportunidade e um desafio.

Deve esse papel, essa intervenção ser regulado com um código de conduta?
Sim, esse foi um dos caminhos propostos, a criação de um documento de boas práticas para influenciadores que partilhem informações na área da saúde, tendo sido enfatizada a necessidade de uma legislação mais clara para garantir a transparência e informação fidedigna na comunicação dos influenciadores.

De quem seria a responsabilidade de o criar?
A sugestão dos participantes na mesa-redonda foi que este documento fosse desenvolvido em colaboração com a Direção-Geral da Saúde (DGS), um pouco à semelhança do Guia para Influenciadores Digitais, lançado pela DGS e pela Direção-Geral do Consumidor, que pretende ser uma ferramenta de apoio para a comunicação de conteúdos relacionados com os substitutos do leite materno e de alimentos para bebés, em ambiente digital.

De que forma pretendem chamar a atenção de diferentes decisores políticos e institucionais?
As principais preocupações abordadas nesta mesa-redonda e as ações propostas serão agora apresentadas em reuniões a realizar com diferentes decisores políticos e institucionais, no sentido de potenciar o diálogo sobre a temática e gerar mudanças concretas. Além destes encontros institucionais, serão realizadas outras mesas-redondas, onde os jovens podem debater o que os preocupa e trabalhar na procura das soluções.

Concorda que é preciso gerar mudanças concretas a longo prazo?
Sim, sem dúvida. São já vários os estudos que demonstram a importância de ouvir as preocupações das novas gerações e saber em que áreas os jovens se sentem mais afetados. Mas basta pensar que estes jovens vão ser os trabalhadores do futuro, vão ser os líderes e os decisores do amanhã, pelo que aquilo que é decidido hoje vai ter muito impacto no que vão viver mais tarde.

Em 2030, os millennials representarão 75% da força de trabalho mundial e a Geração Z poderá compreender mais de um quarto da força de trabalho global já este ano, segundo as previsões da McKinsey. Ambas as gerações estão a mudar os ambientes de trabalho e as suas prioridades são diferentes das gerações anteriores.

Estamos a viver uma grande mudança cultural na qual a tónica é colocada na qualidade de vida, no equilíbrio entre carreira e vida pessoal, na adaptação às novas tecnologias e nos desafios ambientais e sociais. Com a atual mudança nas expectativas e prioridades das gerações mais jovens, é necessário trazer para o debate os temas cruciais que lhes dizem respeito e trabalhar em conjunto para encontrar soluções. Soluções essas que não terão um impacto apenas no imediato, mas a longo prazo nas atuais e futuras gerações.

Será esta iniciativa para continuar?
Sim, este é um projeto de longo prazo, iniciado em 2022, com a realização de um inquérito junto de jovens de 10 países europeus, que visou compreender as suas preocupações e necessidades, o inquérito “Merck Sustentável ou nada. O futuro que os Millennials e a geração Z da Europa querem”. Depois desse, em 2023 alargámos este esforço com o “Inquérito Merck sobre Saúde Emocional: O que move os jovens europeus”, que voltámos a desenvolver em 2024 e que nos deu insights importantes sobre o que pensam, o que desejam e o que preocupa estes jovens.

Para reforçar o conteúdo gerado nas mesas-redondas, atrair e reter jovens talentos e, ao mesmo tempo, facilitar a inovação, criaremos, na Merck, uma Plataforma de Advocacy Interna, que será composta por 20 colaboradores selecionados, com menos de 30 anos, de todas as regiões, que irão discutir uma variedade de tópicos e funções, servindo de caixa de ressonância para os líderes seniores.

Onde pode o público em geral acompanhar a vossa atividade?
O que vamos desenvolvendo sobre o projeto pode ser acompanhado no LinkedIn e no site da Merck, em https://www.merckgroup.com/pt-pt, assim como nas redes sociais da Merck Portugal: no Facebook, Instagram e no YouTube.

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