É no penúltimo Sábado do mês de Maio que se celebra o Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade e este ano celebramos o 21º dia. De facto, desde 25 março de 2004 que a obesidade integra a lista das doenças crónicas em Portugal e a data pretende chamar não só a atenção para a doença, como para as medidas que urgem tomar (em todos os lados do prisma enquanto sociedade).
Este ano destaco a iniciativa Literacia em Saúde da ADEXO, APCOI e APOBARI – a sessão de leitura do livro “Mamã, o que é a obesidade?” de Catarina Beja, Marta Beja Coelho e Mário Silva (ilustrado por João Xu), que decorrerá em várias escolas por todo o País, seguida por uma conversa sobre o tema.
Só com educação e formação se consegue mudar conceitos, preconceitos, conhecimentos, ações e direções. Este livro (traduzido já para várias línguas e com divulgação e ênfase no último Congresso Europeu de Obesidade, que decorreu em Málaga nos passados 11 a 14 maio de 2025) representa um marco e traz com ele uma esperança de viragem contra o estigma, de formação em saúde nas gerações vindouras (e nas atuais) e do final de uma narrativa em que se culpabilizavam os doentes por terem uma doença crónica, que em até 70-80% é da responsabilidade da genética e da epigenética (explosão entre a genética e o meio ambiente). Sim, porque toda a evidência e conhecimento científicos mostram bem que não é uma questão de escolha de estilo de vida, mas uma questão de doença, biologia, fisiologia, hormonas, neurotransmissores, indivíduo e meio ambiente.
Abrimos portas, finalmente, ao respeito, à compaixão e à compreensão das pessoas que vivem com esta doença e que sofrem diariamente, pela doença e sobretudo pelo estigma e pela falta de cuidados médicos especializados, multidisciplinares e comparticipados. Porque o tratamento da obesidade passa por medicação (oral e/ou injetável), cirurgia e/ou terapêutica cognitiva comportamental, como qualquer outra doença crónica.
Num Mundo em que a obesidade é conhecida como a epidemia do século XXI, responsável por mais de 200 doenças (desde doenças cardiovasculares, metabólicas, hormonais, músculo-esqueléticas, do sistema respiratório como a apneia do sono, psicológicas e até neoplásicas – cancros) e por mortalidade e absentismo, urge atuar.