Cerca de 23% dos portugueses, com mais de 50 anos, nunca se submeteram a nenhum tipo de rastreio de cancro, sobretudo devido à ausência de recomendação médica (46%). Esta é uma das principais conclusões do estudo “Perceções dos portugueses sobre o cancro e deteção precoce”, realizado pela GFK/Metris, e cujos resultados são apresentados hoje na conferência “Cancro: o presente e o futuro da deteção precoce”, promovida pela Roche, que se realiza das 9 às 13 horas, na Fundação Oriente.
O objetivo do estudo, que abrangeu mais de mil inquéritos a pessoas com mais de 50 anos, residentes em Portugal Continental, passou por conhecer a perceção dos portugueses sobre o tema dos rastreios de cancro e, mais especificamente, do cancro do cólon e reto e do cancro do pulmão.
O estudo revela ainda que apesar dos inquiridos terem atribuído uma elevada importância à realização do rastreio do cancro do cólon e reto (média de 9,3, numa escala de 0 a 10), a realização da colonoscopia (14%) e o receio da dor (64%) são fatores que condicionam a adesão ao rastreio. Aqui, 89% afirmam que poderiam aderir mais facilmente ao rastreio se fosse implementado um método inovador de identificação de risco através das análises clínicas ao sangue.
Quanto ao cancro do pulmão, apesar de Portugal ainda não ter implementado um rastreio organizado, quando questionados sobre a possibilidade de aderirem ao rastreio, 80% dos participantes respondem de forma positiva, nomeadamente, como forma de prevenção/deteção precoce (66%), sendo atribuída uma importância de 9,4 (numa escala de 0 a 10) quando questionados sobre a importância do rastreio do cancro do pulmão.
Os portugueses revelam ter um elevado conhecimento no que toca aos rastreios de cancro, com grande parte dos inquiridos (97%) a afirmar ter conhecimento destas iniciativas. Desta forma, os participantes conseguem identificar os rastreios disponíveis no SNS: cancro da mama (72%); cancro do cólon e reto (37%); e cancro do colo do útero (30%). No que diz respeito à facilidade de acesso aos programas de rastreio disponíveis no SNS, as opiniões são divididas, apresentando uma média de 6,6, numa escala de 0 a 10.
O estudo revela que 77% dos inquiridos já realizaram rastreios de cancro, em particular o rastreio do cancro de mama (63%), seguido do rastreio para o cancro do cólon e reto (48%) e do rastreio para o cancro do colo do útero (27%).
Cancro do colón e reto: 50% não conseguem identificar os fatores de risco da doença
No caso dos rastreios ao cancro do cólon e reto, 94% dos participantes dizem conhecer ou já ter ouvido falar deste tipo de cancro. Apesar disso, 50% não consegue identificar os fatores de risco da doença e 39% demonstra ter também dificuldades em identificar os sintomas associados. De qualquer forma, os portugueses atribuem uma elevada importância à realização do rastreio do cancro do cólon e reto, uma vez que, numa escala de 0 a 10, a média é de 9,3.
Mais de metade dos inquiridos já realizou o rastreio do cancro do cólon e reto, nomeadamente, por recomendação do médico (72%). Contudo, 21% realizaram o exame por iniciativa própria, sendo que 45% fizeram como forma de prevenção/deteção precoce. Dos que não realizaram nenhum rastreio, mais de metade revela que nunca o fizeram porque nunca lhes foi recomendado pelo médico.
Questionados sobre quais os motivos que levam à baixa adesão ao rastreio, os inquiridos identificam a falta de conhecimento sobre a sua importância (21%), o medo de realizar o exame (17%) e o tempo de espera para a realização do exame no SNS (17%).
Além disso, em termos de exames, 14% dos participantes referem que a colonoscopia condiciona a adesão a este rastreio, devido ao medo e à dor que possam sentir (64%). No entanto, 89% afirmam que poderiam aderir mais facilmente ao rastreio se fosse implementado um método inovador de identificação de risco através das análises clínicas ao sangue.
Cancro do pulmão: 32% dos inquiridos não sabem identificar os sintomas
O cancro do pulmão, em Portugal, ainda não dispõe de um rastreio organizado. Não obstante, 60% dos inquiridos afirmam que conhecem ou já ouviram falar do rastreio. Contudo, 57% não sabem quais os exames a realizar. Além disso, relativamente aos sintomas de alerta, 32% não sabem identificar quais são.
Ainda que tenham alguma falta de informação no que respeita aos exames e sintomas de alerta, os inquiridos atribuem uma elevada importância ao rastreio do cancro do pulmão, tendo em conta que, numa escala de 0 a 10, atribuem uma média de 9,4.
Além do mais, quando questionados sobre a possibilidade de aderirem ao rastreio, 80% respondem de forma positiva, nomeadamente, como forma de prevenção/deteção precoce (66%). Dos que não aderiram, 72% consideram que o principal motivo é por não considerarem necessário ou não terem sintomas.