Chuva de aranhas pode parecer um cenário tirado de um filme de terror, mas trata-se de um fenómeno real e documentado em vários pontos do mundo, incluindo a Austrália e o Brasil. Apesar de raro, quando acontece deixa a população em choque — especialmente aqueles que sofrem de aracnofobia.
Aranhas a cair do céu?
Embora pareça improvável, há momentos em que milhares de pequenas aranhas descem dos céus, criando um verdadeiro cenário de pesadelo. O fenómeno, muitas vezes apelidado de “chuva de aranhas” ou “cabelos de anjo”, ocorre durante um processo conhecido por “ballooning”.
Durante o ballooning, aranhas — geralmente jovens ou de espécies pequenas — sobem a pontos elevados, como árvores ou postes, e libertam fios de seda que actuam como pára-quedas invertidos. Estes fios são então impulsionados por correntes de ar ou campos eléctricos, permitindo que os aracnídeos “voem” por vários quilómetros.
Um comportamento natural, mas impressionante
Este comportamento serve para permitir a dispersão das aranhas, ajudando-as a encontrar novos habitats com menos concorrência. No entanto, o processo é arriscado: a maioria das aranhas acaba por não sobreviver à viagem devido a predadores ou condições atmosféricas adversas.
“É um comportamento comum em muitas espécies. As aranhas sobem, libertam seda e simplesmente deixam-se levar”, explicou Rick Vetter, aracnólogo, ao portal Live Science.
O fenómeno é tão discreto que, muitas vezes, passa despercebido. Só em ocasiões muito específicas — como quando as condições meteorológicas mudam abruptamente e várias aranhas libertam seda ao mesmo tempo — se torna visível, criando a tão temida “chuva”.
Voar sem asas… e sem vento
Estudos recentes revelaram que não é apenas o vento que impulsiona estes pequenos voadores. Investigadores como Dra. Erica Morley, da Universidade de Bristol, descobriram que os campos elétricos naturais da atmosfera também são capazes de desencadear e sustentar o ballooning, mesmo na ausência de vento.
“Os campos eléctricos presentes no ambiente são suficientes para provocar o levantamento e a dispersão das aranhas”, concluiu a investigadora num artigo publicado em 2018.
Um fenómeno assustador — mas fascinante
Apesar de causar pânico entre os mais sensíveis, o fenómeno da “chuva de aranhas” é uma estratégia evolutiva eficaz, que demonstra a incrível capacidade de adaptação dos aracnídeos. Um lembrete de que a natureza continua a surpreender — mesmo quando o céu decide trocar gotas de água por… aranhas.