Quem o diz é Luís Osório, que num dos seus ‘Postal do Dia’, disse que Carlos Lopes, de 75 anos, está doente e com receio de ser esquecido.
“Sei que estás doente, que te é difícil sair de casa, que de quando em vez ficas triste pelo esquecimento do país, de alguns amigos que julgavas serem amigos, coisas que antes não te passavam pela cabeça”, escreveu o antigo jornalista, “Como tu, talvez Eusébio e Cristiano Ronaldo”, acrescentou.
“Escrevo-te este postal para te dizer que não te esqueço. E como eu milhares de portugueses. Talvez até milhões que não se esquecem o que fizeste e o que és – sabes bem que uma coisa e a outra não estão necessariamente ligadas. O que fizeste é esmagador. Campeão olímpico da maratona. Campeão mundial e europeu. Dezenas de medalhas e tantos elogios ao que foste na pista, na estrada, no corta-mato. O país parava para te ver correr. Para gritar por ti. E sabíamos que não falhavas nos momentos decisivos, o teu espírito era inquebrantável, eras duro de roer, o mais completo atleta da história do atletismo até ao momento em que decidiste que terminava. Foste o último dos europeus a fazer frente à ascensão dos grandes atletas africanos nas provas de resistência. Ias para as maratonas e ganhavas a quenianos, etíopes e marroquinos. O recorde mundial da maratona foi teu durante vários anos”.
“É por tudo isso que o teu nome se confunde com uma parte do país que somos. Um país de gente boa, de gente de antes quebrar que torcer, de gente capaz de comer o pão que o diabo amassou sem perder a capacidade de acreditar no futuro, de fazer o melhor possível, de ser o melhor possível”.
“Tu foste o nosso primeiro campeão olímpico. Correste com os melhores do mundo e ganhaste. E enquanto os melhores do mundo treinavam em altitude e tinham todas as condições, tu corrias na segunda circular e até foste atropelado uns dias antes da glória olímpica. Foste o primeiro, Carlos. (…) Sei que estás doente. Que raramente sais de casa. Que por vezes ficas triste. Não fiques. Estamos aqui. O país não te esquecerá”.