Atualmente, existe maior literacia sobre doenças de ginecologia oncológica – como o cancro do ovário, do colo do útero e da mama, que já são alvo de ampla cobertura
mediática e de campanhas de sensibilização – e as mulheres estão mais informadas sobre questões ginecológicas comuns, como infeções vaginais, irregularidades
menstruais e contraceção.
No entanto, ainda existem lacunas e desafios sobre patologias benignas igualmente importantes – como os miomas, a endometriose, os quistos do ovário e o prolapso
uterino – que permanecem frequentemente na sombra, embora sejam doenças que afetam, gravemente, a qualidade de vida das mulheres.
Em ginecologia, a deteção precoce é essencial para permitir um tratamento mais eficaz, o que se consegue, principalmente, através de exames ginecológicos regulares,
que detetam tanto as patologias oncológicas, como as patologias benignas mais importantes.
De acordo com o Dr João Cavaco Gomes, Especialista em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, “a regularidade dos
exames ginecológicos depende sempre da idade e da história pessoal e familiar da mulher. Recomenda-se que uma primeira consulta de abordagem à saúde
reprodutiva tenha lugar na adolescência. Depois, uma avaliação médica anual a partir dos 20 a 25 anos, ou mais cedo se a mulher for sexualmente ativa”.
Existem patologias ginecológicas benignas que têm uma incidência mais específica por faixa etária. As infeções ginecológicas são mais frequentes em mulheres mais
jovens e sexualmente ativas.
A endometriose e os miomas tendem a ser diagnosticados em mulheres em idade reprodutiva. Os sintomas de endometriose podem manifestar-se mais cedo, entre os
20 e 30 anos e os miomas tendencialmente mais tarde, especialmente depois dos 40 anos. Por outro lado, condições como a atrofia vaginal e o prolapso de órgãos pélvicos são mais comuns em mulheres mais velhas e após a menopausa.
O sistema robótico da Vinci constitui uma alternativa cirúrgica minimamente invasiva e revolucionária para o tratamento de doenças ginecológicas benignas.
Miomectomias e histerectomias: duas situações comuns.
A incidência e prevalência de miomas aumentam com a idade, no período reprodutivo. Estima-se que depois dos 40 anos grande parte das mulheres terá miomas, uma condição que pode causar sintomas como hemorragia menstrual abundante – que pode mesmo originar anemia – dor pélvica e pressão na bexiga ou intestinos. A cirurgia para miomas uterinos é indicada quando os sintomas são graves e não adequadamente controlados com medicação, ao ponto de comprometerem, significativamente, a qualidade de vida da mulher ou a sua fertilidade.
A intervenção cirúrgica para remoção dos miomas – miomectomia – tem a vantagem de preservar o útero. Dr João Cavaco Gomes destaca que: “esta cirurgia com o
sistema robótico da Vinci apresenta benefícios por permitir maior amplitude e precisão de movimentos e melhor visualização e manobrabilidade, especialmente
útil em casos de miomas grandes, múltiplos ou localizados em áreas difíceis de alcançar”.
Já a histerectomia é uma cirurgia para remoção do útero, com possibilidade de conservar os ovários, e é um tratamento definitivo. Geralmente, a complexidade da
histerectomia é maior quando as mulheres apresentam condições ginecológicas mais graves, como endometriose profunda, adenomiose extensa, miomas múltiplos
e grandes, cancro ginecológico ou com cirurgias prévias. Cavaco Gomes salienta que “nos últimos anos, o perfil das doentes tem vindo a alterar-se, pelo facto de
as mulheres adiarem o desejo reprodutivo para idades mais tardias, o que implica procurar uma abordagem inicial mais conservadora no tratamento das várias
patologias uterinas”.
Quando a opção passa por uma cirurgia minimamente invasiva, João Cavaco Gomes considera que “ o sistema robótico da Vinci pode ser recomendado para histerectomias complexas em que a precisão e a habilidade cirúrgica são essenciais (como a cirurgia oncológica e a endometriose), quando é necessário operar em espaços menos acessíveis ou de visualização mais difícil – como em úteros volumosos ou deformados por miomas- e quando a dissecção e sutura se preveem mais complexas, como, por exemplo, no caso de se ter que corrigir também o prolapso vaginal”.
As principais vantagens da cirurgia assistida com o sistema robótico da Vinci incluem uma visão tridimensional magnificada até 10 vezes, movimentos precisos e de
grande amplitude, maior ergonomia para o cirurgião e, simultaneamente, menor trauma tecidual, potenciando uma recuperação mais rápida e menos complicações.
Dr João Cavaco Gomes acrescenta que “os resultados após uma histerectomia robótica geralmente incluem menor tempo de hospitalização, menos dor pósoperatória em comparação com as abordagens cirúrgicas tradicionais e um regresso mais rápido à vida normal”.