Não admira, portanto, que seja uma das doenças mais temidas do mundo. Associamos a palavra cancro a sofrimento, a perda de bem-estar, a morte a luto. Por isso, é natural que nos provoque desconforto, preocupação, ansiedade e medo.
Para ajudar a lidar com estes sentimentos, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) disponibiliza, na véspera do Dia Mundial do Cancro, que se assinala a 4 de fevereiro, o documento “Vamos Falar sobre Cancro”, que responde a várias questões relacionadas com a doença.
COMO NOS PODEMOS SENTIR NA ALTURA DO DIAGNÓSTICO?
Quando recebemos um diagnóstico de cancro pode parecer-nos que o mundo se virou do avesso e sentirmos muitos sentimentos. Por exemplo:
• Choque e descrença (“não consigo acreditar”);
• Sensação de alienação (“nada disto parece real”), entorpecimento ou esvaziamento emocional;
• Zanga, revolta e injustiça (“porquê eu?”);
• Sobrecarga e dificuldade em compreender toda a nova informação e palavras;
• Falta de controlo;
• Dor pelos planos que tínhamos para a nossa vida e que poderão já não se realizar;
• Preocupação, ansiedade e/ou pânico;
• Medo de morrer;
• Tristeza e desesperança;
• Solidão.
COMO SE PODEM SENTIR OS CUIDADORES?
O cancro também tem um impacto psicológico nos cuidadores, familiares e amigos. Por exemplo, no caso dos parceiros da pessoa que tem cancro, o sofrimento psicológico pode ser equivalente ao longo da doença, sendo que na fase de tratamentos, são os cuidadores que experienciam mais sofrimento. No caso dos pais e mães de crianças com cancro, o sofrimento psicológico, o distress e as taxas de Perturbação de Stresse Pós-Traumático são superiores às das próprias crianças com cancro e às dos adultos que recuperaram. Os filhos de pessoas com cancro também revelam maior risco de desenvolver problemas de Saúde Mental e de ter problemas na escola.
COMO PODEMOS LIDAR COM A EXPERIÊNCIA DE VIVER COM UM CANCRO?
A partir do momento em que recebemos um diagnóstico de cancro precisamos de percorrer um processo de adaptação a uma situação nova. É importante lembrar que não há formas certas e erradas de o fazer. Todos somos diferentes e, por isso, cada pessoa reage e adapta-se de forma diferente à doença. Muitas vezes, este processo implica inúmeras mudanças na nossa vida (por exemplo, passar a viver continuamente com a incerteza do prognóstico, alterações na aparência física ou imagem corporal, dor crónica, alteração de capacidades ou limitações na mobilidade, preocupações com dinheiro, estigma social, tensões nas relações familiares e de amizade ou alterações do projecto de vida pré-estabelecido) e uma “montanha-russa emocional”, que nos obriga a gerir pensamentos e sentimentos ambivalentes e contraditórios.
Algumas estratégias podem ajudar-nos a lidar e a viver com um problema oncológico:
· Expressar as nossas emoções e sentimentos
· Procurar informação e aprender sobre a doença
· Confiar nos profissionais de saúde
· Procurar informação e aprender sobre a doença
· Contar com familiares e amigos
· Antecipar o que pudermos antecipar
· Planear alterações à rotina
· Manter hábitos e projectos de vida
· Cultivar a esperança, o optimismo e o sentido de humor
· Cuidar da saúde psicológica e privilegiar o autocuidado
· Procurar ajuda
Um documento que responde ainda a várias outras questões: como contar a alguém que temos cancro?, como lidar com uma situação terminal? ou como podemos cuidar e apoiar alguém com cancro ou como lidar com a experiência de sobreviver a um cancro?