Pierre Déchelotte, que investiga, há mais de 15 anos, a bactéria Hafnia alvei HA4597® demonstrou, em estudos clínicos, que este microrganismo que existe naturalmente no nosso organismo produz uma proteína capaz de regular a sensação de fome e levar à redução do peso e dos níveis de açúcar no sangue.
E se lhe dissermos que entre os milhares e milhares de bactérias “boas” que habitam o intestino há uma estirpe específica que pode ser um importante aliado na perda de peso? O investigador Pierre Déchelotte, que há mais de 15 anos, analisa à lupa a Hafnia alvei HA4597®, desvendou os mecanismos de ação deste microrganismo e conseguiu provar, através de estudos clínicos, que este ser microscópico é capaz de regular a sensação de fome.
A investigação e os benefícios clínicos associados à utilização desta bactéria probiótica são hoje apresentados em Lisboa, no Pavilhão do Conhecimento, e amanhã, no Porto, na Casa da Arquitetura.
Cada vez mais estudos sustentam que a manipulação da microbiota intestinal pode ser uma ferramenta terapêutica para a gestão de várias doenças, entre as quais a obesidade e o excesso de peso. Investigações pré-clínicas já tinham mostrado que a bactéria probiótica conseguia mimetizar a sensação de saciedade, o que resultava numa redução de peso e de acumulação de gordura. Pierre Déchelotte comprovou-o em estudos clínicos. Um destes estudos envolveu 236 pessoas com excesso de peso.
Para demonstrar a eficácia clínica da Hafnia alvei HA4597®, o grupo de investigadores liderado por Pierre Déchelotte começou por pedir a todas as pessoas incluídas no estudo, que seguissem uma dieta hipocalórica de -20% e mantivessem a sua atividade física habitual. Depois, um grupo de pessoas recebeu duas cápsulas por dia de Hafnia alvei HA4597®, o equivalente a 100 biliões de bactérias por dia. Às restantes pessoas com excesso de peso foram dadas duas cápsulas de placebo. Ao fim de 12 semanas, o grupo que tomou Hafnia alvei HA4597® tinha alcançado uma perda de peso de pelo menos 3%. Além disso, foi observado um aumento da sensação de saciedade e maior perda de volume. A glicemia de jejum em 12 semanas foi bastante menor no grupo tratado com Hafnia alvei HA4597®.
Consequências da disbiose
Este estudo conclui, por isso, que a Hafnia alvei HA4597® é capaz de influenciar os mecanismos de controle do apetite, redução de peso e massa gorda, redução na ingestão de alimentos e tem efeitos positivos nos níveis de açúcar no sangue e na resistência à insulina. Desde então, Pierre Déchelotte tem procurado fórmulas que aliem as conclusões do estudo à aplicação clínica.
A Hafnia alvei HA4597® pode ser encontrada naturalmente na nossa microbiota intestinal, assim como em alguns alimentos, como produtos lácteos, ou em suplementos probióticos. Se a nossa microbiota intestinal estiver desequilibrada (disbiose) terá menos enterobactérias desta estirpe e torna-se incapaz de regular o apetite, a saciedade e o armazenamento de energia. A toma de determinados probióticos com a enterobactéria Hafnia alvei HA4597® pode ajudar a corrigir a disbiose, além de ser uma mais-valia para quem quer adotar um plano alimentar hipocalórico e um plano nutricional que conduza à perda de peso.
A disbiose é ainda uma porta aberta para outras patologias, para além da obesidade, como diabetes, doenças cardiovasculares, musculoesqueléticas, doenças neurodegenerativas e alguns tipos de cancro. Daí a importância de manter uma dieta rica e equilibrada e de evitar um estilo de vida sedentário. Quando a dieta e a atividade física não são suficientes, o recurso à suplementação afigura-se como uma resposta terapêutica demonstrada cientificamente.
Foto: Microbiome Foundation