Segundo um ensaio realizado nos Lancashire Teaching Hospitals, no Reino Unido, a prescrição de uma lista de músicas personalizada permite reduzir o ritmo cardíaco até 22%, diminuir a agitação dos pacientes e auxiliar a gestão dos níveis de stress e ansiedade.
Com o propósito de confirmar a eficácia da música no tratamento de doentes com patologias degenerativas ou em pessoas que foram expostas a níveis de stress muito elevados, a experiência clínica utiliza um sistema tecnológico criado com base num algoritmo que sugere playlists baseadas nas experiências e gostos pessoais de cada ouvinte, refere o site saudeonline.pt.
Assim, por meio de uma seleção das suas preferências musicais, registadas noutros dispositivos de streaming, caso o tenham, e por meio de uma análise de fatores como idade, sexo, nacionalidade e etnia, o software sugere várias músicas destinadas a cada pessoa.
A tecnologia é capaz de monitorizar o batimento cardíaco dos pacientes à medida que eles ouvem as músicas prescritas, no sentido de adaptar a lista aos dados registados. O dispositivo altera as sugestões caso se verifique a inexistência de qualquer efeito e também engloba uma seleção de “músicas proibidas”.
O software também permite avaliar, em simultâneo, o “ADN” das canções, por meio do seu sistema de inteligência artificial que examina o seu tom, o ritmo, as assinaturas de tempo e até a presença de notas mais baixas, que, segundo o presidente executivo da MediMusic, empresa que promove o programa, Gary Jones, “estes são os fatores que podem moldar a frequência cardíaca e a consequente resposta arterial dos pacientes”.
A experiência realizada em 25 doentes portadores de Alzheimer, entre os 60 e os 90 anos de idade, revelou resultados promissores. Segundo avançou a Diretora de Inovação e Investigação Académica da instituição, Jacqueline Twamley, “houve uma redução de 22% no seu ritmo cardíaco”. Esta acrescentou que “em alguns pacientes, não existiram alterações no ritmo cardíaco, mas conseguimos ver o efeito que a música tem nas suas expressões faciais”.
Depois deste primeiro ensaio, estão em curso vários testes com profissionais de saúde que trabalharam na equipa de Cuidados Intensivos durante a pandemia Covid-19, para compreender a sua eficácia na redução dos níveis de stress e ansiedade.
No futuro, também serão realizadas experiências em pacientes que se encontram nos Cuidados Intensivos e em crianças com fobia a agulhas. Ainda, com o propósito de procurar reduzir a prescrição de fármacos, esta experiência também será realizada em pessoas que lidam diariamente com a dor crónica.