Investir. Conheça as principais dúvidas e dificuldades

Esta semana, Ariana Nunes (educadora financeira e criadora do canal YouTube “Renda Maior) partilha com os leitores da Forever Young algumas importantes dicas para o ajudar a começar a investir.

Ao falar de investimentos com outras pessoas, que nunca investiram e que não têm nenhuma ligação à área de economia ou gestão, noto que surgem algumas questões muito frequentes. Talvez o leitor sinta o mesmo e, por isso, decidi escrever este artigo com o que digo, ou diria, a quem está interessado em investir, mas nem sabe por onde começar.

 

  1. As dificuldades iniciais

 

Quando se fala em investir, a teoria de que é preciso muito dinheiro já começa, gradualmente, a dissipar-se, mas surgem, na mesma, as velhas questões: como é que começo? como escolho às ações? como analiso aqueles dados? qual é o primeiro passo a dar?

Como apenas posso partilhar o meu percurso, decidi explicar o que eu fiz, de uma forma detalhada, para que seja possível mostrar uma possível entrada neste “mapa do tesouro”.

Em primeiro lugar, sabia que precisava de corrigir a minha situação financeira, pois era frustrante poupar e, no mês seguinte, ter que usar esse dinheiro porque o salário, entretanto, não chegava para o que precisava/queria. Nada me desmotivava  mais do que ver o meu pouco dinheiro parado à espera que, por magia, começasse a crescer ali num depósito a prazo, que mal batia a inflação.

Em consequência de algumas situações financeiras difíceis, decidi parar com a forma como estava a gerir o meu dinheiro, perceber o que estava a acontecer e o que podia fazer para melhorar a situação.

Determinada a encontrar uma alternativa, comecei por ler livros e vídeos online de finanças pessoais (todos os que conseguia encontrar) e, dessa forma, fui aprendendo várias técnicas e truques mentais. Tudo para levar o cérebro a começar a poupar e a conseguir fazer sobrar dinheiro, para começar a investir.

Após uma “lavagem mental” reconstrutiva, comecei a saber como gerir o meu dinheiro e a canalizar devidamente os meus trocados, constituindo a minha, tão importante, reserva de emergência. Além disso, fui colocando outro montante de lado, de forma a conseguir fazer o meu primeiro investimento em bolsa.

Neste processo de aprender a lidar com o dinheiro, consegui assimilar que poupar só por poupar pouco serve e que é necessário complementar com investimento. Assim, surgiu-me a primeira dúvida, qual vai ser o meu primeiro investimento?

Como já tinha feito o teste para identificar o meu nível de risco, sabia que tinha um leque maior de opções,  visto que tenho um perfil de moderado/agressivo. Desta forma, poderia escolher entre os investimentos de capital garantido ou não garantido e, como quis criar uma motivação extra, decidi atribuir vários objetivos a alcançar para cada um que iniciasse.

Abri uma conta na corretora que mais me agradou, coloquei os meus primeiros euros e fui adquirindo uma série de ações. De referir que dei este passo após estudar bem as empresas, ler o máximo de análises efetuadas por várias pessoas, online e nos canais por cabo da especialidade, procurando sempre as críticas boas e más e tentando, aos poucos, perceber os relatórios e quais os indicadores mais importantes a ter em conta.

Não fiquei parada à espera de ter o máximo de conhecimento para começar, mas também não coloquei muito dinheiro no ínicio, pois sabia que ia cometer erros.  Fui ponderada, comecei assim a construir a minha carteira de investimentos aos poucos, lendo e aprendendo através de livros e análises, fazendo, posteriormente, também as minhas próprias análises e optando por investir ou não investir numa determinada empresa.

Criei uma carteira pequena, de um lado depósitos a prazo e, do outro lado, mais arriscado, tinha investimentos em  bolsa, como ações e ETF’s. Planeei objetivos monetários e rentabilidades a alcançar, setores a investir, seja, na atualidade, mas também para o futuro e, ainda, certificando-me que estava a acompanhar sempre a estratégia que tinha definido, considerando apenas possíveis ajustes e nunca abandonar os meus investimentos, pelo bem do meu futuro.

 

  1. Dúvidas e mais dúvidas

 

            Não sabia como a corretora funcionava, mas não descansei enquanto não compreendesse como se colocava uma ordem de compra/venda. Não percebia como recebia dividendos então fui procurar como e quando pagavam (no caso das empresas dos EUA, normalmente, é pago trimestralmente) e, ainda, como era uma assembleia de acionistas. Procurava resposta para todas as dúvidas que me surgiam, através da internet ou em livros, pois, hoje em dia, o conhecimento é apenas uma questão de  ter vontade e tempo.

Não tinha muitas pessoas com quem falar, daí procurar fóruns da especialidade que fossem portugueses e, ia tentando adaptar e confirmar todas as informações que via no youtube e sites estrangeiros, para perceber se eram viáveis na realidade portuguesa. Comecei a apurar os meus filtros, pois nem sempre eram viáveis e, por vezes, as realidades eram tão distintas que nem havia qualquer correspondência ou faziam qualquer sentido.

Frequentei o máximo de cursos online estrangeiros que podia, gratuitos ou não e, em paralelo, ia investindo religiosamente todos os meses, fazendo também outro tipo de investimentos, como é o caso das P2P (empresas de empréstimos entre pessoas, onde através de uma plataforma online captam e distribuem dinheiro e remuneram os investidores através de juros, retribuindo uma taxa maior que outro tipo de investimentos, devido ao risco mais elevado de perda do nosso capital).

Não existem milagres e ninguém vai saber investir em apenas um mês! Ainda hoje, procuro aprender, pois quanto mais sei, mais percebo que não sei nada. Não há uma verdade absoluta ou um único caminho a seguir, o que torna tudo numa experiência muito pessoal/própria. Cada um deverá tentar aprimorar-se para que tenha o devido sucesso financeiro.

Irá ajudar conhecer os percursos de outras pessoas que tiveram sucesso, por exemplo, através de livros ou até fazer cursos online gratuitos, por exemplo, numa das várias plataformas educativas como a Udemy ou a Coursera.

Vai ser quase obrigatório saber mais de política, ler mais notícias financeiras ou, simplesmente, ter mais atenção ao mundo para saber como levar o seu “barco a bom porto”. Daí a jornada de investir ser uma experiência tão enriquecedora, pois ficará elucidado com tantas informações e terá  que começar a saber filtrar e perceber o que lhe estão a dizer, para que entenda o que é verdadeiramente importante para si e para os seus investimentos.

Difícil? Não será. Trabalhoso? Bastante!*

 

*Todo o conteúdo neste artigo apenas serve para fins educacionais e não representa qualquer tipo de aconselhamento financeiro. Consulte sempre um especialista certificado ou faça a sua própria análise no que se trata a investir, pois envolve risco de perdas.

 

 

 

Por Ariana Nunes
(Educadora financeira e criadora do Canal Renda Maior no YouTube)
Site: https://www.youtube.com/rendamaior

 

 

 

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