Partilhar

Médicos acusam Governo de “irresponsabilidade política” e esta é a razão

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia classificou hoje de “irresponsabilidade política” e “incompetência grave e inaceitável” a decisão do Governo de não aumentar os impostos sobre o álcool e o tabaco no contexto do Orçamento do Estado para 2025.

16 Outubro 2024
Forever Young com Lusa

Em declarações à Lusa, a coordenadora da Comissão de Trabalho de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, Sofia Ravara, afirmou que a decisão do Governo de não aumentar os impostos sobre estes produtos, “argumentando que é esperado um aumento do consumo”, é de “uma incompetência grave e inaceitável”.

O relatório da proposta do OE2025, citado pelo Expresso, estima que “a receita do IT [Imposto sobre o Tabaco] aumente em 63,7 milhões de euros (+4%) e que a receita do IABA [Imposto sobre as bebidas alcoólicas e bebidas não alcoólicas adicionadas de açúcar] aumente em 16,4 milhões de euros (+4,7%), em resultado do crescimento esperado no consumo privado”.

A pneumologista alertou que “o tabaco e o álcool são produtos de consumo legais, mas letais”, causando múltiplos cancros, doença respiratória crónica, doenças cardiovasculares, AVC e diabetes, doença hepática crónica, entre outras.

“Estas doenças têm o maior peso de doença, incapacidade e mortalidade prematura em Portugal e no mundo. Não só causam doenças crónicas, como agravam o prognóstico e as complicações destas doenças, levando a hospitalizações evitáveis por agudização da doença, sobrecarregando o SNS e ameaçando a sua sustentabilidade, escalando as despesas de saúde, diretas e indiretas (absentismo laboral e diminuição da produtividade)”, sustentou.

Para a pneumologista, “o Governo não pode negligenciar o seu dever de proteger a saúde da população portuguesa, de fazer uma gestão eficiente dos dinheiros públicos, garantindo a sustentabilidade do SNS, privilegiando os lucros da indústria do tabaco e do álcool”.

“No final, só estas indústrias saem vencedoras e não há dúvida nenhuma de que é a atividade destas indústrias que leva ao consumo, disse, criticando que a sua atividade “arromba a economia das famílias e dos países” como demonstram contas feitas pela OMS e pelo Banco Mundial.

Apesar de Portugal nunca ter feito as contas, “o Brasil, um dos maiores produtores de tabaco, fez e o saldo económico é profundamente negativo para o país, pesando as receitas da produção e venda do tabaco e os custos sociais e de saúde”, realçou a também professora da Universidade de Beira Interior.

Por outro lado, apontou, “estas indústrias interferem na tomada de decisão política e travam a implementação de políticas públicas preventivas eficazes”.

Entre estas políticas, indicou o aumento da taxação, que leva indiretamente ao aumento do preço acima da inflação, como a medida isolada mais eficaz para diminuir o consumo, sobretudo nos jovens e nos grupos populacionais socialmente desfavorecidos, além de permitir arrecadar mais receita para o Estado.

Para a especialista, a alocação das receitas fiscais “pode ser usada e deverá ser usada” no apoio ao programa nacional para a prevenção e controlo do tabagismo e do alcoolismo, nomeadamente na sua vertente de financiamento das organizações não-governamentais para o trabalho nesta área.

Sofia Ravara defendeu que a sociedade civil tem de fazer pressão para mudar esta situação e responsabilizar o Governo, mas também os outros decisores políticos “que, em vez de estarem em perguntas partidárias, deviam estar a proteger a saúde das populações e também a economia das famílias, do país e o desenvolvimento sustentável”.

Lembrou que Portugal tem compromissos políticos, explanados na Constituição Portuguesa, e que ratificou a Convenção-Quadro de prevenção de tabagismo da OMS e aderiu ao plano global da OMS para o controlo das doenças crónicas e aos objetivos do desenvolvimento sustentável.

HN // FPA

Lusa/fim

Mais Recentes

Longevidade: fique a par das 8 dicas para viver mais de 100 anos

há 5 horas

Alerta: «Medicamentos naturais “destroem” o fígado», afirma estudo

há 6 horas

Viva a segunda-feira sem stress: descubra as 8 dicas para começar a semana mais motivado

há 6 horas

Óbito: Morreu Clem Burke, baterista dos Blondie

há 6 horas

Glaucoma: descoberta substância química que impede o seu desenvolvimento

há 6 horas

Dormir com luz acesa pode aumentar risco de diabetes, revela estudo

há 6 horas

Não acelere o envelhecimento: deixe já de fazer estas 7 coisas

há 7 horas

Mulher madura e feliz: por que os 50 anos são os novos 30?

há 7 horas

Óbito: Morreu Craig Ainsworth, antigo guarda-costas de Victoria e David Beckham

há 7 horas

Lembra-se de Marilyn Monroe? Conheça as 6 lições que a atriz nos deixou

há 7 horas

Óbito: Morreu Jay North, ator da série ‘Dennis, o Pimentinha’

há 7 horas

Perda de peso: que medicamentos estão ou não autorizados em Portugal e qual a sua eficácia

há 8 horas

Reposição hormonal feminina: uma mão cheia de perguntas (e as respostas)

há 8 horas

Sabia que quando tem fome pode ser o seu corpo a dizer que tem sede?

há 8 horas

Óbito: Morreu o fadista António Severino

há 8 horas

MC promove saúde mental e bem-estar com o apoio de Marisa Liz

há 9 horas

Opinião: «A saúde da mulher é um tema fundamental, apesar de pouco falado», Sofia Carvalho Pinto, médica especializada em medicina preventiva e longevidade

há 9 horas

Dia Mundial da Saúde: Insatisfação dos utentes aumentou com mais de 1200 queixas no primeiro trimestre

há 10 horas

Literacia em saúde: o papel da informação na promoção de hábitos mais saudáveis

há 10 horas

Óbito: Morreu Miguel Cunha, ex-jogador e presidente do Riachense

há 10 horas

Subscreva à Newsletter

Receba as mais recentes novidades e dicas, artigos que inspiram e entrevistas exclusivas diretamente no seu email.

A sua informação está protegida por nós. Leia a nossa política de privacidade.