O atual regime de mudança da hora é regulado por uma diretiva (lei comunitária) de 2000, que prevê que todos os anos os relógios sejam, respetivamente, adiantados e atrasados uma hora no último domingo de Março e no último domingo de Outubro, marcando o início e o fim da hora de Verão.
Portugal vai passar para o horário de verão no próximo fim de semana. Assim, na madrugada de sábado para domingo, os relógios adiantam uma hora. Desta forma quando for 01h00, do dia 30 de março, os relógios passarão para as 02h00 em Portugal Continental e na Região Autónoma da Madeira. Já na Região Autónoma dos Açores a mudança é feita das 00h00 para a 01h00.
Mas quais os efeitos desta mudança no corpo humano, e que consequências traz para a nossa saúde?
Para responder a esta dúvida, falámos com Ana Rita Monteiro, psicóloga da Clínica Espregueira no Porto, que começa por relembrar que «durante a noite do último sábado de março, já na madrugada de domingo, e no último fim de semana de outubro, há anualmente uma mudança horária em Portugal e na Europa: o relógio anda uma hora para a frente no verão e, ao contrário, anda uma hora para trás no outono».
A mudança da hora, implementada para aproveitar mais a luz solar, «tem alguns benefícios, mas também pode trazer implicações diretas e indiretas para a saúde», alerta a especialista.
De acordo com Ana Rita Monteiro, «a principal vantagem é o aumento da luz ao final do dia, o que privilegia atividades profissionais e de lazer, além de melhorar a segurança nas ruas. No outono, a mudança para o horário de inverno oferece mais luz pela manhã, mas com o sacrifício de anoitecer mais cedo.»
Todavia, sublinha a psicóloga, «a mudança de horário tem consequências para a saúde: surgem perturbações no ritmo circadiano, o ciclo natural do nosso corpo, que inclui as horas de sono e o tempo despertos, e que é profundamente influenciado pela luz».
Ao aumentar a exposição à luz solar ao final do dia, «verifica-se um atraso na libertação de melatonina, que promove o sono, contrariando assim o descanso do organismo», refere, acrescentado que «no horário de inverno essa preparação para o tempo de sono pode ter início mais cedo».
Estudos apontam que a mudança para o horário de inverno pode potenciar episódios depressivos, contrariamente ao que sucede no horário de verão.
Nas palavras da especialista ouvida pela Forever Young, «a fadiga é uma das principais consequências, devido a alterações do sono, com impacto mais intensos nos primeiros dias após a mudança», reforçando que «pessoas que trabalham por turnos ou têm perturbações de sono estão mais vulneráveis».
Para prevenir os efeitos negativos, Ana Rita Monteiro afirma que «é importante realizar uma transição gradual, ajustando a hora de dormir e acordar antes da mudança».
Desta forma, durante o horário de verão, recomenda «procurar luz solar pela manhã, fazer exercício físico e evitar substâncias estimulantes à noite», ao passo que no inverno, a transição também deve ser gradual, «com maior exposição à luz solar durante o dia e evitando luzes fortes à noite».
«Embora o “jetlag” da mudança de hora seja temporário, este pode afetar o organismo nos primeiros dias», esclarece, «estudos indicam que a mudança de horário propicia a ocorrência de ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, suicídios e acidentes de viação logo após a mudança de horário».
Em suma, «a adaptação ao novo horário tem impacto direto na saúde física e mental», sublinha Ana Rita Monteiro, concluindo que «a chave para superar os efeitos da mudança da hora é uma adaptação gradual, mantendo uma rotina saudável de sono e atividades diárias».