No caso de ter mais de 50 anos, começar com queixas de perda progressiva da visão, enevoada, maior sensibilidade à luz e encadeamento com os faróis dos carros em sentido contrário, procure e aconselhe-se com o seu médico oftalmologista. A catarata associada à idade é um processo natural, ligada ao envelhecimento, que afeta a qualidade de visão, e completamente tratável.
Segundo Lilianne Duarte, médica oftalmologista e Vogal da Direção da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia “a catarata é a principal causa de baixa visão e cegueira TRATÁVEL ou reversível a nível mundial.” A catarata desenvolve-se pela perda progressiva da transparência da lente natural que temos dentro do olho, o cristalino, tornando a visão progressivamente mais enevoada.
De acordo com Lilianne Duarte, a partir dos 40 anos:” o cristalino começa a perder as suas propriedades, cujas manifestações numa fase inicial surgem por uma diminuição progressiva da visão ao perto e que numa fase mais avançada, em média aos 60 anos, evolui para a perda de transparência, ou seja, catarata.”
Este é um processo natural que ocorre com o avançar da idade, e que é diagnosticada e tratada pelo médico oftalmologista. Quanto ao tratamento e, segundo a Vogal da SPO, “é sempre cirúrgico, geralmente em regime de ambulatório. A técnica cirúrgica mais comum é a facoemulsificação – partir a catarata em pedaços mais pequenos através de ultrassons com aspiração dos mesmos – substituindo-se o cristalino (a lente natural) por uma lente artificial. Atualmente é possível calcular a graduação da lente intra-ocular a colocar de forma a compensar a graduação que o doente já tinha e a maximizar a independência do uso de óculos.”
Por último, Lilianne Duarte afirma existirem condições que favorecem ou aceleram o desenvolvimento da catarata, nomeadamente algumas doenças como a diabetes, o uso prolongado de medicação com corticoesteroides, a exposição a determinado tipo de radiação, a existência de traumatismo ocular ou inflamações oculares de repetição.
Quanto ao Glaucoma sabe-se que é uma doença progressiva do nervo ótico (nervo que leva a informação do olho para o cérebro) que tem como principal fator de risco uma pressão intraocular elevada, além da idade. Segundo dados indicados por Fernando Trancoso Vaz, vice-presidente da SPO e médico oftalmologista, estima-se na Europa que 7,8 milhões de pessoas padeçam de glaucoma e a sua prevalência é de 2,5%. É globalmente a principal causa de cegueira irreversível, sendo conhecida como “o ladrão silencioso da visão” uma vez que não dá dor, olho vermelho ou mesmo baixa de visão (exceto num estádio avançado em que se perde repentinamente). Fernando Trancoso Vaz afirma que o Glaucoma “deve ser despistado em consulta regular de oftalmologia a partir dos 40 anos, ou mais cedo em famílias de risco, aumentando a sua prevalência com o aumento da idade, chegando a 9,5% se a idade for superior a 75 anos. Se detetado e tratado consegue evitar-se uma perda da qualidade de vida pela doença e perda de visão.”
A Degenerescência Macular da Idade – DMI – é uma doença degenerativa da retina que pode levar a diminuição acentuada da visão. Segundo o Presidente da SPO, Rufino Silva, a DMI é uma doença que tem cada vez maior impacto na vida das pessoas não só pelo aumento da longevidade da população e pela melhoria da capacidade de diagnóstico, mas sobretudo pela incapacidade que provoca. De facto, cerca de 90% da informação que recebemos chega-nos pelo sistema visual e a DMI é a principal causa de cegueira nos países ocidentais. Em Portugal, esta doença é a primeira causa de perda grave de visão e de cegueira depois 55 anos de idade, estimando-se que 12% das pessoas neste escalão etário sofra de DMI. Destes, cerca de 1% tem a forma avançada da doença que causa perda grave da visão ou cegueira. É por isso muito importante que o diagnóstico e o seguimento sejam realizados pelo médico Oftalmologista precocemente de forma a serem implementadas o mais cedo possível as medidas de prevenção das formas tardias da doença, remata Rufino Silva.