Opinião: Proteja-se, o vírus sincicial respiratório pode levar à descompensação de doenças crónicas

Artigo de opinião de José Alves, Presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão

Pode espoletar doença em qualquer idade, sobretudo em crianças pequenas e idosos. A partir dos 60 anos, o vírus sincicial respiratório (VSR) está associado a infeções do trato respiratório como a pneumonia, e à exacerbação de doenças subjacentes como insuficiência cardíaca congestiva, DPOC ou asma.

Numa percentagem significativa dos casos, pode levar à hospitalização ou mesmo à morte. No ano passado, na Europa, o VSR foi responsável por 270.000 internamentos em pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. 20.000 acabaram por morrer.

À falta de dados nacionais, tomemos como exemplo a vizinha Espanha. Um estudo recente mostrou que a taxa de letalidade naquele país foi maior entre os doentes hospitalizados com infeções por VSR, quando comparada com doentes com infeções por vírus influenza (gripe). O mesmo estudo revelou que a taxa de letalidade em doentes hospitalizados por VSR aumenta significativamente com a idade, confirmando o risco acrescido das pessoas mais velhas para desenvolver doença grave.

Grupos de risco e doenças associadas

Altamente contagioso, o VSR pode causar doença em todas as idades, com particular incidência em crianças até aos dois anos, imunocomprometidos e idosos, sobretudo se institucionalizados. Nos mais pequenos, o VSR está associado a bronquiolites, enquanto nos adultos pode causar doença respiratória grave ou levar à descompensação de doenças crónicas como asma, DPOC ou insuficiência cardíaca congestiva. A idade e o estado de saúde da pessoa infetada podem interferir na evolução e na gravidade da doença que, uma vez curada, pode ressurgir.

Sintomas e medidas de prevenção

Sobejamente conhecidos, e frequentemente associados a outras patologias, entre os sinais mais comuns do vírus sincicial respiratório encontram-se a tosse, secreções nasais, secreções oculares, febre, falta de ar e chiadeira.

Também semelhante ao que acontece com outros vírus, a prevenção da transmissão do VSR passa pela lavagem frequente das mãos e pela adoção de boas práticas de etiqueta respiratória como não espirrar ou tossir para as mãos, cobrir a boca e o nariz com um lenço ou com o braço quando se espirra ou tosse, e evicção de contactos com outros doentes que apresentem os mesmos sintomas.

Por fim, mas não menos importante, e também como noutras patologias para as quais já existe imunização, a vacinação é a melhor forma de evitar a transmissão do VSR. Em Portugal, estão disponíveis duas estratégias de proteção contra o VSR para adultos com idade superior ou igual a 60 anos: fale com o seu médico assistente e aconselhe-se. Juntos poderão definir a melhor estratégia de prevenção.

Fontes:

Savic M, Penders Y, Shi T, Branche A, Pirçon JY. Respiratory syncytial virus disease burden in adults aged 60 years and older in high-income countries: A systematic literature review and meta-analysis. Influenza Other Respir Viruses. 2023;17(1):e13031. doi:10.1111/irv.13031

Heppe-Montero, M.; Gil-Prieto, R.; del Diego Salas, J.; Hernández-Barrera, V.; Gil-de-Miguel, Á. Impact of Respiratory Syncytial Virus and Influenza Virus Infection in the Adult Population in Spain between 2012 and 2020. Int. J. Environ. Res. Public Health 2022, 19, 14680

Ler Mais