Há já algum tempo que utilizo os videojogos em contexto de aprendizagem, enquanto metodologia de aprendizagem ativa inovadora. Com a evolução tecnológica, os videojogos deixaram de ser apenas um passatempo, passando a ser aliados na aquisição e desenvolvimento de diversas competências, que considero estruturantes, nos alunos. Além disso, podem ser uma fonte de motivação.
De uma forma geral, ainda é visível alguma resistência no uso pedagógico dos videojogos. Mas o meu “saber só de experiência feito”, tem-me revelado que são diversos os benefícios pedagógicos do seu uso. Considero quase inquestionável os seus benefícios no processo de ensino e de aprendizagem.
Ao contrário do que se possa pensar, os videojogos criam ambientes interativos onde os alunos podem aprender de forma dinâmica, prática e divertida. No meu caso, tenho produzido e utilizado videojogos que, de alguma forma, se podem integrar na aprendizagem da disciplina que leciono – Geografia.
Assim sendo, por experiência própria, posso afirmar, com toda a certeza, que a utilização de videojogos educativos traz diversas vantagens. A motivação e consequente envolvimento dos alunos, como mencionado anteriormente, é uma das principais. Sabemos como, por vezes, pode ser difícil manter os alunos interessados e empenhados nas tarefas escolares. Contudo, ao disponibilizarmos conteúdos interativos e apelativos como os videojogos, conseguimos captar mais facilmente a atenção dos alunos e motivá-los a ter um papel mais participativo. Por outro lado, a utilização de videojogos permite, ainda, desenvolver competências como o raciocínio lógico, resolução de problemas e tomada de decisão em tempo real.
Outra das vantagens é que os videojogos permitem uma aprendizagem ao ritmo de cada aluno, contribuindo para que cada um possa explorar os conceitos de forma individual e progredir quando se sente preparado. Existem também alguns jogos que incentivam a colaboração e o trabalho em equipa, ao mesmo tempo que oferecem uma competição saudável. Tais dinâmicas reforçam as relações interpessoais e promovem competências de comunicação e colaboração. Por fim, no ambiente virtual, os alunos têm a liberdade de falhar e tentar novamente, o que promove um estilo de aprendizagem resiliente, fazendo com que o “erro” seja algo natural.
Posto isto, reforço que, de acordo com o meu “saber só de experiência feito” – como diria Camões – os videojogos, quando utilizados de forma eficaz, são uma ferramenta valiosa em contexto pedagógico. São um excelente recurso que permite enriquecer e complementar os espaços de aprendizagem permitindo que os alunos adquiram e desenvolvam diversas competências, as quais podem ser mobilizadas a curto prazo, em contextos de aprendizagem escolar, mas também a longo prazo, na aprendizagem ao longo da vida, quer em contexto pessoal ou laboral.
Como professores, e tendo em conta o papel fundamental que temos na educação e no desenvolvimento dos alunos, é importante vencer algumas resistências e alguns receios, indo por “mares nunca de antes navegados”, acompanhando os tempos e as novas tecnologias pelo bem da aprendizagem dos nossos alunos. A Associação de Empresas Produtoras e Distribuidoras de Videojogos (AEPDV) lançou o manual prático “Games in Schools”, que pode ser um recurso para professores que querem começar a utilizar videojogos como complemento ao ensino. Afinal, os videojogos, longe de serem uma distração, podem ser uma forma eficaz de envolver os alunos e promover uma aprendizagem mais profunda, prática e significativa.