Preparado para viver até aos 400 anos? Cientistas descobrem forma de aumentar em 500% o tempo de vida das minhocas

Os resultados obtidos podem contribuir para uma revolução no estudo da longevidade humana.

É muito provável que guarde no seu frigorífico certos alimentos cujo prazo de validade seja superior à esperança média de vida das minhocas C. elegans. Estes organismos – muito utilizados em testes científicos – tem em média um tempo de vida que dura entre 3 a 4 semanas.

De forma surpreendente, um estudo de 2019 publicado no Cell Reports, revelou que os investigadores conseguiram aumentar em cinco vezes esta esperança média de vida. Em termos de comparação, isto seria o equivalente aos seres humanos conseguirem viver até aos 400 anos.

Este avanço na biologia molecular é considerado pelos os investigadores do estudo como uma descoberta importante para se conseguir um dia expandir o tempo médio de vida dos seres humanos.

Nos testes realizados aos organismos C. elegans, os cientistas procuraram perceber qual o efeito que uma modificação das redes celulares e moleculares poderia ter. Estas alterações nas redes neurais – responsáveis pela transmissão de diversas funções e “tarefas” celulares – demonstraram gerar efeitos surpreendentes. Em particular, comprovando de que forma uma interferência nas redes celulares de insulina e de mTOR (mammalian target of rapamycin), pode influenciar positivamente o envelhecimento. Ao modificarem estas duas redes conseguiram aumentar a esperança média de vida das minhocas em 50% e 30% respetivamente.

Sendo certo que as C. elegans são organismos bem diferentes dos seres humanos, a verdade é que estas minhocas possuem muitos dos mesmos genes que nós – explicando a razão pela qual são usadas no estudo do envelhecimento. De acordo com o presidente do MDI Biological Laboratory, Hermann Haller, apesar desta descoberta “ainda continua a não ser clara a forma exata como estas redes interagem uma com as outras”. Ao continuarem a investigar e a caracterizar estas interações entre as redes celulares, os cientistas podem estar perto de descobrir formas de expandir o tempo (e a qualidade) de vida de uma população mundial cada vez mais envelhecida, conclui o especialista.