O arroz é um alimento básico para grande parte do mundo. Os consumidores estão cientes há anos do problema do arsénio inorgânico, um contaminante que ocorre naturalmente no solo e infiltra-se nas plantações em campos propensos a inundações Lavar bem o arroz antes de cozinhar é a principal recomendação de segurança alimentar.
Agora, um estudo publicado no The Lancet Planetary Health alerta que o aumento da temperatura global em mais de 2°C e as emissões de dióxido de carbono (CO2) levaram ao aumento das concentrações de arsénio inorgânico nas plantações de arroz. Isso resultará numa maior incidência de problemas de saúde, como cancro, nos próximos 20 anos, especialmente na Ásia, onde o arroz é consumido em grande quantidade e, muitas vezes, com casca.
Fatores climáticos que afetam as plantações, como a acidificação do solo, estão a facilitar a absorção de arsénio pelos grãos de arroz, explica Lewis Ziska, professor de Ciências da Saúde Ambiental na Escola Mailman, em Columbia, EUA. «O estudo aponta para um aumento significativo na incidência de problemas cardiovasculares, diabetes e cancro causados pela exposição ao arsénio até 2050.»
O investigador ressalta que os efeitos adversos da exposição crónica ao arsénio na dieta são bem conhecidos.
«Inclui cancro de pulmão, bexiga e pele , bem como doença cardíaca isquémica . Há também indícios de que está ligado a uma maior predisposição ao diabetes, efeitos adversos durante a gravidez, distúrbios do neurodesenvolvimento em mulheres grávidas e problemas no sistema imunológico.»