Os probióticos tornaram-se aliados da saúde intestinal e do bem-estar geral, mas ainda há muita falta de informação sobre como escolher o mais adequado. Escolher um probiótico sem critérios pode resultar em benefícios reduzidos ou até na completa ausência de efeito, o que compromete as expectativas e a confiança neste tipo de suplementos.
Dada a crescente importância dos probióticos na promoção da saúde, a escolha deve ser criteriosa e adaptada às necessidades individuais. A seleção da estirpe certa pode fazer toda a diferença na eficácia do probiótico. Para ajudar os consumidores a fazer escolhas informadas, a Biocodex – especialista na área da microbiota e dos probióticos – lançou uma campanha de informação e sensibilização nas farmácias, que estará ativa durante todo o mês de abril.
Como espaço de proximidade e confiança, as farmácias desempenham um papel fundamental na orientação sobre saúde, o que as torna num parceiro privilegiado para esclarecer dúvidas e garantir que os probióticos escolhidos sejam adequados e eficazes.
Os avanços na investigação sobre a microbiota humana e os probióticos têm revelado um potencial terapêutico. Graças ao progresso da biologia e das ciências da saúde, sabe-se hoje que os probióticos podem modular a microbiota intestinal de forma específica, permitindo abordagens personalizadas para melhorar a saúde intestinal e até extraintestinal. Há estudos que demonstram benefícios promissores na gestão de condições como obesidade, alergias, problemas de fertilidade, fadiga e infeções.
A microbiota, composta por bactérias, fungos e leveduras, desempenha um papel essencial no funcionamento do organismo. A do intestino é a mais relevante, e pode influenciar, por exemplo, a absorção de nutrientes, a regulação do sistema imunitário e até ao peso, através da comunicação com o cérebro. Esta ligação entre o intestino e o sistema nervoso central é tão complexa que o intestino é frequentemente apelidado de “segundo cérebro”.
Apesar dos avanços científicos que têm desvendado, cada vez mais, as interações entre o intestino e outros órgãos, a escolha de probióticos continua a ser um desafio. Com tantas opções disponíveis, nem sempre é fácil encontrar informação credível e detalhada, o que pode levar a equívocos e a erros comuns. Por isso, descubra, a seguir, os seis erros mais frequentes e aprenda a evitá-los.
1. Não considerar a estirpe do probiótico.
Nem todos os probióticos são iguais. A eficácia depende da estirpe específica e não apenas do género ou espécie. Por exemplo, a estirpe Hafnia alvei HA 4597 tem propriedades diferentes de outras estirpes do mesmo género. Escolha um probiótico cuja estirpe tenha evidência científica para o que pretende. Para ser mais fácil de entender, imagine uma família com os seus nomes e apelidos. Hafnia seria o apelido Silva. Alvei seria a família Silva. A estirpe HA 4597 seria uma pessoa concreta, por exemplo, João Silva. Assim como dois irmãos da mesma família podem ter personalidades diferentes, duas estirpes podem ter efeitos distintos.
2. Assumir que todos os probióticos funcionam para qualquer problema
Probióticos diferentes têm indicações específicas. Escolha os que têm estudos clínicos a comprovar eficácia. Leveduras como a Saccharomyces boulardii têm revelado eficácia no tratamento e prevenção da diarreia aguda em crianças e adultos, assim como na diarreia provocada pela toma de antibióticos. O mesmo sucede com a bifidobactéria Bifidobacterium longum, da estirpe 35624, no apaziguamento do desconforto gastrointestinal recorrente, relacionado, por exemplo, com a síndrome do intestino irritável. Algumas espécies de bactérias probióticas, como Lactobacillus plantarum, Lactobacillus Rhamnosus GG e Bifidobacterium Lactis, têm evidência em estudos internacionais na prevenção das infeções respiratórias.
3. Acreditar que mais estirpes significam maior eficácia
É enganador pensar que um produto com mais estirpes diferentes será melhor. A eficácia de um probiótico depende mais da qualidade e função específica das estirpes do que da quantidade presente na fórmula. As bactérias probióticas competem entre si pelos mesmos nutrientes e espaço no intestino. Essa competição pode levar à inativação de certas estirpes, reduzindo a sua eficácia. O mais importante não é o número de estirpes, mas a evidência científica para a finalidade desejada. Mais estirpes podem apenas significar uma fórmula mais complexa, sem benefícios acrescidos para a saúde.
4. Pensar que doses mais elevadas de microrganismos garantem melhores resultados
Muitas pessoas assumem que quanto maior for a quantidade de microrganismos num probiótico, maior será a sua eficácia. A realidade é mais complexa! A eficácia de um probiótico não depende apenas do número de microrganismos presentes, mas da estirpe utilizada e da dose específica que demonstrou benefícios em estudos científicos. A quantidade de microrganismos é expressa em UFC (unidades formadoras de colónias), que indica o número de bactérias ou leveduras vivas presentes no produto. Cada estirpe tem uma dose ótima para proporcionar benefícios. Ao escolher um probiótico, é essencial garantir que a dose utilizada foi testada e validada em estudos clínicos para a condição específica que se pretende tratar ou prevenir.
5. Não ter em conta a qualidade do processo de fabrico
A forma como são produzidos pode influenciar diretamente a sua viabilidade e ação no organismo. O processo de fabrico desempenha um papel importante na preservação das características dos microrganismos probióticos. Para que um probiótico seja eficaz, é essencial que as bactérias ou leveduras permaneçam vivas e ativas até chegarem ao intestino, onde exercem os seus benefícios. No entanto, diversos fatores podem comprometer essa viabilidade, como o método de fermentação e encapsulamento ou o controlo de temperatura e armazenamento. Por isso, prefira probióticos que sigam boas práticas de fabrico e que garantam qualidade e estabilidade do produto até ao final do prazo de validade. Opte por fabricantes que apresentem estudos clínicos e certificados de qualidade.
6. Não seguir corretamente as instruções de uso
É essencial seguir as recomendações do fabricante para garantir que os microrganismos chegam vivos e ativos ao intestino, onde exercem os seus benefícios. Por exemplo, algumas estirpes podem ser mais eficazes quando tomadas em jejum ou de manhã, enquanto outras devem ser ingeridas com alimentos para melhorar a sobrevivência no trato digestivo. O calor também pode destruir as bactérias probióticas antes mesmo de chegarem ao intestino. Por isso, os probióticos não devem ser misturados com bebidas ou alimentos quentes. A toma de probióticos pode ser temporária ou contínua, dependendo do objetivo. Siga as indicações da embalagem.
Escolher um probiótico adequado exige atenção e conhecimento. Agora que conhece os erros mais comuns e os critérios para uma escolha informada, está mais preparado para avaliar rótulos e distinguir produtos eficazes.