Mais de um milhão de portugueses entre os 20 e os 79 anos sofriam de diabetes em 2015 (segundo o relatório do Observatório Nacional da Diabetes), doença caracterizada pelo elevado nível de glicose no sangue. São sobretudo diabéticos tipo 2, o que significa que o pâncreas tem dificuldade em produzir insulina, a hormona que ajuda o organismo a regular o açúcar no sangue, ou as células do corpo não reagem à insulina (resistência à ação da insulina). Com diabetes, a glucose continua no organismo, mas não é utilizada como fonte de energia. Por regra, a diabetes tipo 2 revelava-se após os 45 anos. Contudo, a alteração dos hábitos de vida, em particular a redução da atividade física e a alimentação menos saudável, tem levado a que atinja adolescentes e jovens adultos, especialmente os obesos e inativos.
Durante a infância e a juventude, é mais comum manifestar-se a diabetes tipo 1. As investigações cientificas apontam que resulta de uma reação autoimune em que o sistema imunitário ataca as células que produzem insulina, despoletada por fatores genéticos ou ambientais (vírus). Nestes casos, o organismo não produz a hormona, pelo que os doentes dependem de injeções de insulina para sobreviver.
Segundo a Direção-Geral da Saúde, é diabético quem apresenta 126 ou mais miligramas de glicemia por decilitro de sangue em jejum, ou a partir de 200 miligramas por decilitro em qualquer ocasião. Se tiver entre 110 e 126 miligramas de glicemia por decilitro de sangue em jejum, ou entre 140 e 200 miligramas por decilitro duas horas após a ingestão de açúcar, apresenta um risco aumentado para diabetes.
Segundo a DECO, tanto no caso dos diabéticos tipo 1 como nos de tipo 2, é possível reduzir os danos provocados pela doença:
- faça uma alimentação equilibrada e variada. Reduza o consumo de açúcares. Inclua cinco porções de legumes e fruta na dieta diária;
- pratique atividade física diariamente, como uma caminhada de 30 minutos. Esta melhora a circulação e ajuda a controlar o peso e o nível de açúcar no sangue;
- se necessário, tome a medicação (comprimidos ou insulina) de acordo com as orientações do médico ou enfermeiro;
- não fume e limite o consumo de álcool;
- não descure as consultas de vigilância para observação dos órgãos mais sensíveis, como os olhos, o rim, o coração e o pé.
Se ainda não é diabético, o melhor é jogar à defesa:
- mantenha um peso saudável, com um índice de massa corporal entre 18,5 e 25, valor que resulta da divisão do peso pela altura ao quadrado;
- pratique exercício físico e siga uma dieta equilibrada, pobre em gordura e açúcares;
- deixe de fumar;
- vigie a tensão arterial e consulte o médico de família, pelo menos, uma vez por ano.
Diabetes na gravidez
A diabetes gestacional é uma situação que exige à grávida cuidados especiais e acompanhamento médico. Mas, com autodisciplina e determinação, é possível controlar uma condição que costuma surgir no terceiro trimestre de gravidez e tende a desaparecer depois do parto.
Quem está em risco
Estima-se que uma em cada 20 grávidas possa sofrer deste problema. A doença surge quando o organismo não produz a quantidade suficiente de insulina para atender às exigências da gravidez e, apesar de poder afetar qualquer mulher, existem fatores de risco que obrigam a olhar para a grávida com atenção redobrada: por exemplo, idade superior a 35 anos, diabetes em familiares próximos, peso excessivo ou índice de massa corporal acima de 30, diabetes gestacional em gravidezes anteriores, história de fetos grandes e, pelo menos, dois abortos.
A diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer fase da gravidez, mas é mais frequente no terceiro trimestre, a partir da 24.ª semana de gestação, altura em que geralmente é feita a prova de tolerância à glicose oral (PTGO). No entanto, recomenda-se a análise da diabetes no início da gravidez através da análise da glicemia em jejum, ou seja, a medição da quantidade de glicose (açúcar) no sangue. Valores aumentados, em geral, significam que a mulher já sofria de diabetes de tipo 1 ou 2 antes da conceção e deve ter acompanhamento especial imediato.
Quando não controlada, a doença pode ter complicações tanto para a mãe como para o bebé. Há, por exemplo, risco de descolamento da placenta e parto prematuro. A grávida pode sofrer de hipertensão e pré-eclampsia. Existe maior probabilidade de morte do feto, bem como de anomalias congénitas. Por outro lado, a possibilidade de o bebé ficar demasiado grande, comum nestes casos, pode obrigar a um parto antecipado ou a programar uma cesariana. Após o nascimento, o recém-nascido deve ser vigiado nas primeiras semanas, pelo risco de défice de açúcar e cálcio e do aparecimento de icterícia.
Na maioria dos casos, os valores voltam ao normal, mas estas mulheres estão em maior risco de desenvolverem diabetes, pelo que devem fazer o rastreio anualmente e adotar medidas preventivas, como dieta e exercício físico. Têm também risco acrescido de sofrerem do problema numa futura gravidez.