De acordo com o guia digital Promoting Diversity in the Workplace realizado pela Robert Walters 75% dos profissionais com mais de 50 anos acreditam ter atingido o limite máximo na sua carreira profissional. De facto, 72% destes profissionais dizem que nas suas empresas atuais não lhes são oferecidas oportunidades de promoção, enquanto 41% consideram que no seu local de trabalho não existem oportunidades de desenvolvimento profissional.
Se tivermos em conta que estes trabalhadores ainda têm mais de 15 anos de vida profissional pela frente, este é um problema de dimensões importantes. Existe o risco de perder o potencial deste grupo de talentos seniores por mais de uma década ou mesmo duas, uma vez que as suas carreiras estagnam sem valorizar os seus conhecimentos e experiências adquiridas ao longo da sua carreira profissional.
Perfil médio de profissionais com mais de 50 anos
François-Pierre Puech, Diretor da Robert Walters Portugal, partilha a sua visão sobre os desafios enfrentados por candidatos e profissionais com mais de 50 anos:
“Aqueles com mais de 50 anos continuam a enfrentar grandes obstáculos no acesso ao mercado de trabalho. Embora estes perfis tenham todos os atributos necessários para se destacar em um processo de seleção, como o pensamento crítico, capacidade analítica e adaptação para mudar de novas perspetivas, muitas vezes a sua experiência não é recompensada com melhores oportunidades de emprego. No mercado de trabalho, vivemos uma bolha, em que se começa a observar uma escassez de mão-de-obra altamente qualificada em determinados sectores. Isto torna cada vez mais difícil preencher determinadas vagas e, pior ainda, reter os profissionais mais qualificados. Esta é a principal razão pela qual os talentos mais seniores devem investir na formação e na reconversão para se adaptarem às exigências do mercado e competirem nas ofertas de emprego mais atrativas.”
Os outros desafios dos perfis de engenharia com mais de 50 anos
Atualmente, na Europa e em Portugal existe um compromisso com o investimento em todos os sectores de acordo com o plano de recuperação e transformação da economia. Há grandes objetivos como a descarbonização da economia, eficiência energética, digitalização ou sustentabilidade, que se aplicam nos domínios da indústria, mobilidade e transportes.
Falamos de tecnologias como hidrogénio verde, renováveis, projetos de economia circular, novos processos industriais, novos sistemas de propulsão mais eficientes e mais limpos, novos materiais a desenvolver, I&D, etc. E é aqui que os profissionais de engenharia com mais de 50 anos podem encontrar mais obstáculos quando se trata de aderir a um mercado de trabalho cada vez mais em mudança.
“Dada a grande procura de perfis e gestores qualificados, dos departamentos de Recursos Humanos, as empresas devem apostar na formação e reconversão dos seus colaboradores. A curva de aprendizagem de certas tecnologias é relativamente curta para profissionais qualificados, pelo que é preciso fazer um compromisso claro com a formação para se adaptar às novas tendências”, defende François.
Como abordar a procura de emprego?
A forma de procurar um emprego muda radicalmente de acordo com o segmento etário. Os portais de pesquisa de emprego não são tão eficazes para perfis mais antigos, uma vez que quando os filtros avançados são implantados, o critério de anos de experiência não excede geralmente +15 anos ou + 20 anos. Isto significa que tanto os profissionais com 40 anos de idade como os candidatos com 60 ou mais anos podem ser incluídos neste filtro, que é um volume muito grande de população, para não dizer que é a maior massa de trabalho em Portugal.
Pelo contrário, os profissionais com mais de 50 anos têm algo que não pode ser competido: a experiência. Há muitas empresas que apreciam especialmente a visão destes “gurus” para resolver situações de crise ou para dar informações fundamentais na estratégia de negócio. Além disso, em certas especializações, a experiência traduz-se em credibilidade, um fator diferenciador para as organizações. A capacidade de resolver problemas não quotidianos, que os perfis júnior não sabem muito bem como encarar, é também algo muito valorizado pelas empresas.
Por outro lado, é habitual que este tipo de profissionais, com mais anos de experiência, tenham uma rede de contactos superior à de um perfil júnior. Isto sublinha a importância do networking, que pode ser de grande ajuda quando se trata de conseguir um novo emprego. Outra opção quando se procura um emprego que não deve ser descartado é o empreendedorismo, algo bastante comum neste segmento da população que está disposto a criar um projeto apoiado pela sua experiência.