É provável que já tenha imaginado como será a sua vida depois da reforma. Muitas são as pessoas que sonham com a possibilidade de viver uma vida mais descansada e tranquila. Outras receiam uma vida mais solitária e uma diminuição abrupta do seu sentido de propósito.
A verdade é que refletimos pouco sobre o impacto psicológico e emocional que esta transição pode gerar. Para quem trabalhou arduamente toda uma vida, esta nova fase pode acabar por nos fazer colocar em causa toda a nossa existência. Quem somos afinal, quando não temos uma carreira e profissão que nos identifique perante os outros?
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Muitos “novos” reformados podem assim acabar por enfrentar períodos de maior ansiedade ou depressão. O facto de termos subitamente bastante mais tempo e, na maioria dos casos, menos dinheiro disponível pode gerar uma maior agitação emocional.
De forma a apoiar esta transição, eis 5 dicas e estratégias que deve conhecer e seguir. Estes conselhos vão ajudar a suavizar a transição.
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Espere ter que passar por diferentes estados emocionais
É fundamental que perceba que esta transição representa um momento sensível que poderá afetar fortemente o seu estado emocional. No início é natural que sinta uma enorme liberdade. É um pouco como estar num período de férias indefinido. Parece ótimo. Todavia esse sentimento passa rapidamente e passados poucos meses poderá começar a questionar a sua própria decisão. A falta de propósito e a dificuldade de gerir uma vida sem horários pode ser um desafio grande. Esteja preparado para este tipo de flutuações emocionais e não tente controlar os seus sintomas através do consumo excessivo de álcool ou comida.
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Dias estruturados
Antes da reforma, grande parte dos seus dias estavam dominados pelos seus compromissos profissionais. É possível que a rotina tenha sido igual durante muitos anos. De forma a suavizar a transição para uma vida após a reforma é aconselhado que procure estruturar também os seus dias, cumprindo horários e rotinas que cria para si mesmo. Procure definir períodos diários de tempo para se dedicar ao exercício físico e a atividades sociais. Cumpra os horários de refeições. Procure igualmente dedicar tempo para o seu lazer e relaxamento, assim como para quaisquer atividades ligadas a um trabalho mais criativo ou intelectual.
É natural que demore algum tempo a encontrar uma rotina ideal para si, no entanto este tipo de estrutura pode ser essencial para diminuir a sua ansiedade. De resto é também aconselhado que seja capaz de definir pequenos objetivos que pretende concretizar nesses primeiros meses ou anos. Isto irá contribuir para o seu sentimento de propósito.
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Fortalecer amizades
Existe um risco de real de ficar mais isolado socialmente depois da reforma. Depois de mais de 30 a anos a encontrar-se diariamente com colegas, colaboradores e clientes, pode ser algo difícil deixar de ter esse contacto tão frequente. Sendo assim é importante assegurar que continua a estimular as suas conexões pessoais. Procure combinar com um amigo almoçar todas as segundas-feiras, ir beber um chá com outro às quartas e dar um passeio com outro alguém à sexta-feira. Estimule igualmente novas amizades. Procure fortalecer os “laços” com a sua comunidade local, encontre oportunidades de voluntariado ou outro tipo de atividades sociais enriquecedoras.
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Considere a possibilidade de continuar a ter uma ocupação profissional
Entrar num período de reforma não significa que tenha que abandonar por completo o mercado de trabalho. Existem algum tipo de ocupações mais ligeiras a que se pode continuar a dedicar. Idealmente serão funções menos exigentes e menos stressantes que podem, no entanto, ser estimulantes intelectualmente. Representam igualmente a possibilidade de ganhar um pouco mais de dinheiro e de estimular as suas conexões sociais. Eventualmente pode até considerar criar um negócio próprio.
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Crie um orçamento
Até as pessoas mais poupadas podem ser obrigadas a fazer alguns ajustes depois da reforma. Num mundo ideal teríamos todos a possibilidade de ao longo de 30 anos poupar dinheiro suficiente para não termos que nos preocupar com questões financeiras. Todavia isso raramente é uma realidade. É assim essencial que aprenda a gerir o seu dinheiro de uma forma mais adequada. Perceba quais são os seus custos fixos e que tipo de “cortes” pode fazer. Assegure-se que reserva algum montante para atividade mais lúdicas ou formativas. Assim como para participar em encontros sociais com os seus amigos e familiares.