De facto, confirma Cláudia Vicente, coordenadora do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias (GRESP) da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), “no outono e no inverno há mais infeções respiratórias, que são um dos principais motivos para as agudizações da asma”, até porque “a própria exposição ao ar frio pode ser um desencadeador”. Acrescenta ainda que é essencial a aposta na prevenção, “para evitar as infeções respiratórias, bem como as agudizações das doenças crónicas das pessoas que delas sofram”.
É nesse sentido que a médica deixa algumas dicas que podem ajudar a manter a doença controlada nestes meses mais frios, até porque “os riscos de uma asma não controlada passam pelas agudizações da doença, uma eventual progressão na gravidade da mesma e até uma hospitalização”. Se tivermos em conta que, frequentemente, as pessoas com asma têm outros problemas, a falta de controlo da asma “pode levar a uma descompensação das comorbilidades existentes, como por exemplo a rinite, o refluxo gastroesofágico, patologia psiquiátrica ou do foro cardiovascular”, no entanto “É possível uma pessoa ter asma e viver sem sintomas e com a sua doença controlada”, sendo esse o principal objetivo do tratamento.
- Reconheça os fatores desencadeadores da doença – “Sabemos que no Outono e no Inverno há mais infeções respiratórias. Estas são um dos principais motivos para a perda de controlo/aumento das crises da asma. Daí ser importante a sua prevenção, para evitar as infeções respiratórias, bem como as crises. Para além disso, a própria exposição ao ar frio pode desencadear uma agudização para algumas pessoas com asma. É por isso importante reconhecer os fatores potencialmente desencadeadores e seguir as recomendações médicas. Por exemplo, existem ainda algumas aplicações que podem ajudar a reconhecer os sinais de alerta e que poderão facilitar a comunicação com o médico.”
- Siga as recomendações do médico – “A pessoa com asma, mais do que ninguém, conhece a sua doença e deve seguir as recomendações do seu esquema terapêutico. Deve cumprir a medicação prescrita no esquema recomendado, fazer consultas regulares com o seu médico e rever a técnica inalatória.”
- Previna potenciais crises – É importante prevenir todas as crises nomeadamente as que são provocadas por infeções respiratórias e onde as medidas de etiqueta respiratória e a vacinação são uma mais valia. “A vacinação, não só a da gripe e a da covid, mas também a antipneumocócica, são armas fundamentais para a pessoa com asma. É uma medida preventiva que, ao longo da história, tem permitido salvar milhões de vidas. Na época sazonal de 2023/2024, a norma da DGS 005/2023 contempla dentro dos doentes de risco os doentes asmáticos graves sob terapêutica com corticoesteroides sistémicos. No entanto, todo doente asmático deverá ponderar a vacinação junto do seu médico.”
A médica reforça ainda que “o uso excessivo do inalador de alívio, ou o recurso adicional a mais doses do seu inalador habitual para a asma podem ser um sinal de que a doença não está controlada, o que faz aumentar o risco de problemas cardiovasculares, depressão, agudizações graves ou até morte”.
Com o intuito de alertar as pessoas com asma para as consequências do uso excessivo do inalador de alívio, foi desenvolvida este ano a Campanha “Quebra o Ciclo – Deixa a asma sem fôlego“, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Asmáticos (APA), do projeto CAPA – Cuidados Adequados à Pessoa com Asma, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias (GRESP), da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e da Associação Nacional das Farmácias (ANF) em parceria com a AstraZeneca, que pode ser acompanhada através do site SAÚDEFLIX.