Estes resultados refletem a expansão da cirurgia robótica na Península Ibérica e a consolidação do sistema robótico da Vinci que, em 2024, foi utilizado em 34 000 cirurgias, mais 36% do que no ano anterior. Destas, cerca de 3 000 já foram efetuadas em Portugal, o que representa um crescimento exponencial de 43% de procedimentos cirúrgicos com sistema robótico da Vinci, nos hospitais nacionais, em 2024.
A nível ibérico, o número de sistemas robóticos da Vinci instalados também aumentou 16% – de 150, em 2023, para mais de 170, em 2024 – dos quais 160 estão em operação em Espanha e 16 em território nacional. No ano passado, em Portugal, registou-se um crescimento verdadeiramente exponencial em termos de cirurgia robótica, com a instalação de oito novos sistemas robóticos da Vinci, o que reflete, literalmente, uma duplicação do número de unidades em operação, em comparação com 2023.
A distribuição destes sistemas reflete a tendência crescente de adoção da cirurgia robótica da Vinci nos hospitais públicos portugueses, dado que 66% destes sistemas já estão instalados no SNS, enquanto 34% operam em centros hospitalares privados.
Pablo Díez, Diretor Geral da Abex e da Excelência Robótica, comenta: ” Os resultados obtidos em 2024 demostram que a cirurgia robótica assistida pelo sistema da Vinci está cada vez mais consolidada como uma opção fundamental na evolução da cirurgia minimamente invasiva, na Península Ibérica. Portugal apresentou dados muito expressivos de crescimento, com a duplicação do número de sistemas robóticos da Vinci em atividade e o consequente aumento exponencial de intervenções de cirurgia robótica da Vinci. Estes são indicadores muito positivos para o Serviço Nacional de Saúde e para a população portuguesa, dado que o país ainda está no início do processo de implementação da cirurgia robótica e a tentar convergir para os índices já registados noutros congéneres europeus, como Espanha, ou Itália”.
Para 2025, ABEX e a Excelência Robótica perspetivam continuar a impulsionar a cirurgia robótica na Península Ibérica, com a previsão de mais 25 novas instalações do sistema da Vinci em Portugal e Espanha.
Especialidades médicas e tipologias de intervenção
A utilização do sistema robótico da Vinci está a estender-se, progressivamente, a mais especialidades médicas. Embora a urologia continue a liderar no maior número de intervenções com esta tecnologia cirúrgica minimamente invasiva – cerca de 45% do total, em 2024, num ligeiro decréscimo de 2% face a 2023 – já outras especialidades aumentaram a sua utilização.
Na cirurgia geral, o recurso a cirurgias robóticas com o sistema da Vinci aumentou para 32% dos procedimentos realizados em 2024, seguida da ginecologia com 13%, da cirurgia torácica com 8%, e da otorrinolaringologia que se mantém estável nos 2%. Estes dados refletem a adoção progressiva do sistema robótico da Vinci nas diferentes especialidades médicas.
O sistema robótico da Vinci tem tido um papel particularmente importante na ajuda aos cirurgiões na luta contra o cancro. Em 2024 na Península Ibérica, foram realizadas cerca de 25 mil cirurgias robóticas com o sistema da Vinci em patologias oncológicas, o que significa que mais de 73% do total das intervenções foram realizadas em casos de cancro. Destas, mais de 44% foram efetuadas em tumores da próstata e cerca de 9% em cancros do cólon. Seguiram-se nefrectomias, associadas ao cancro do rim, e histerectomias robóticas, decorrentes de cancros no útero, ambas com 8%. As previsões para este ano apontam para um aumento do recurso ao sistema robótico da Vinci em cirurgias oncológicas de cerca de 25%.
Formação de equipas de cirurgia robótica
Naturalmente, o incremento da utilização da cirurgia robótica tem sido acompanhado por um aumento do investimento na formação. Atualmente, já foram formados mais de 4 000 cirurgiões pela ABEX e Excelência Robótica, na Península Ibérica. No ano passado, receberam formação em cirurgia robótica cerca de 3000 cirurgiões em Espanha e mais de 300 em Portugal, o que representa um aumento de 33% face ao ano anterior. Para 2025, estima-se um aumento da formação para capacitar mais de 300 especialistas para intervenções cirúrgicas com esta tecnologia.
A cirurgia robótica, representada em Portugal, entre outros, pelo sistema cirúrgico da Vinci, demonstra como a tecnologia, quando integrada estrategicamente no sistema de saúde, pode ser essencial para aumentar a qualidade dos cuidados médicos. Pablo Díez salienta que: “ao longo de quase duas décadas, o nosso compromisso com a inovação levou-nos a desenvolver quatro gerações do sistema cirúrgico da Vinci. Cada uma delas apresentou avanços notáveis em relação à sua antecessora em termos de tecnologia, instrumentação, precisão e campo de visão, entre outras melhorias. Agora segue-se a fase de integração da Inteligência Artificial, que será uma das inovações mais importantes e que poderá transformar ainda mais os cuidados de saúde, nos próximos anos. Acredito que trará inúmeras ajudas ao cirurgião para conseguir operações mais rápidas, mas também mais seguras, com sistemas de navegação que identificam estruturas, analisam dados no local e podem sobrepor modelos anatómicos à vista da consola, são alguns dos avanços que se esperam na cirurgia robótica”.
Pioneirismo e décadas de liderança
O primeiro sistema de cirurgia robótica foi lançado em 1999 pela empresa californiana Intuitive Surgical, que criou o primeiro robô cirúrgico, denominado da Vinci em homenagem ao cientista italiano que, em 1400, já tinha idealizado uma máquina automática deste tipo. Atualmente, existem mais de 10 670 sistemas robóticos da Vinci instalados em todo o mundo. Só em 2024, o número de novas instalações ultrapassou as 1 790 unidades. Naturalmente, os Estados Unidos é o país onde existem mais sistemas robóticos da Vinci – cerca de 3 000 – enquanto na Europa estão em funcionamento mais de 1 600. Desde a primeira operação efetuada com recurso ao sistema robótico da Vinci, há duas décadas, foram realizadas mais de 16,9 milhões de operações em todo o mundo e só em 2024 terão sido efetuadas cerca de 2,6 milhões de operações com o sistema cirúrgico da Vinci, a nível global.