Ao longo da história os grandes incêndios acabaram por definir momentos de rutura e de grande mudança. Sendo certo que estes eventos são sempre trágicos e caracterizados por um enorme sofrimento, a verdade é que estão na origem de reformas e reconstruções massivas que alteraram a “figura” de inteiras civilizações.
Descubra agora a história de alguns dos incêndios que mais marcaram o nosso Mundo. Desde o Antigo Egipto até ao séc. XIX estes exemplos demonstram bem a força destrutiva deste tipo de fenómeno.
-
A destruição da Biblioteca de Alexandria
A Biblioteca de Alexandria foi um dos mais significativos e célebres centros de produção de conhecimento na Antiguidade. No seu interior permanecia um valor incalculável de conhecimento. Investigadores e estudiosos de todo o mundo dirigiam-se a este local para estudar e trabalhar. A biblioteca foi erguida por ordem de Ptelomeu I Sóter no ano de 283 A.C.
A destruição desta instituição foi tão dramática que viria a ser imortalizada numa peça de William Shakespeare. O incêndio que provocou esta catástrofe continua envolto em alguma controvérsia. Algumas teorias defendem que o culpado pelo inico do fogo foi Júlio Cesar, quando este tentava controlar uma parte da cidade de Alexandria. Outros acreditam que foram os cristãos, com o objetivo de marcar uma nova era e uma nova igreja no local. Independentemente de quem tenha sido o culpado, a verdade é que se perderam para sempre milhares de pergaminhos valiosos que continham conhecimentos que ficaram perdidos para todo o sempre.
-
O Grande Incêndio de Chicago
Este histórico incêndio durou entre dia 8 e 10 de Outubro de 1871. Mais de 300 pessoas morreram e cerca de 90.000 perderam as suas casas. Um terço da cidade ficou completamente destruído. Nesta altura Chicago era uma das cidades mais proeminentes dos EUA, sendo inclusive o centro da rede telegráfica que ligava o país ao resto do Mundo, nomeadamente ao continente europeu. Como tal este incêndio devastador ficou conhecido como o primeiro evento noticioso que se disseminou de forma instantânea por todo o mundo.
Após esta catástrofe viria a começar a “Grande Reconstrução” de Chicago, que transformou por completo a cidade, tornando-a num poderoso hub económico. Este projeto megalómano de reconstrução tornou-se numa imediata prioridade nacional, que funcionou como símbolo do espírito vencedor americano e da resiliência do seu povo. Chicago passaria a funcionar como a “face” da modernidade.
-
O incêndio do Reichstag
No dia 27 de Abril de 1933 um conjunto de incendiários espalhou um fogo pelo parlamento alemão, que viria destruir parte deste edifício histórico. Adolf Hitler, um então político em ascendência que acabava de se tornar chanceller, culpou radicais comunistas (sem que existissem grandes provas disso).
O incêndio do Reichstag viria a ser essencial para a consolidação de poder de Hitler. Funcionou como um pretexto perfeito para acionar medidas de Estado de Emergência que praticamente garantiam poder absoluto ao líder. A democracia “caiu” e com ela também as liberdades de expressões, de escrita e reunião. O fim da privacidade de correspondência e as detenções sem causa tornaram-se normais.
-
O Grande Incêndio de Londres
Os recentes incêndios que afetaram o estado da Califórnia não foram a primeira ocasião de um grande fogo durante tempos de pandemia. Em setembro de 1666 um enorme incêndio “varreu” a cidade de Londres durante o período da Peste Negra. 100.000 pessoas perderam as suas casas. A parte mais histórica e medieval da cidade ficou praticamente destruída.
A reconstrução de Londres viria a durar cerca de 30 anos. O novo planeamento viria a privilegiar as casas e estruturas de pedra, assim como ruas mais largas e seguras. Este incêndio deu origem também a dois tipos de novas “indústrias”: as seguradoras e as brigadas de bombeiros.
-
O Grande Incêndio de Nova Iorque
Este incêndio ocorreu em 1835 na cidade de Nova Iorque durante uma epidemia de Cólera. Numa noite fria de dezembro um inteiro armazém entrou em fogo. Os ventos fortes conduziram as chamas para o interior da cidade, destruindo inteiros bairros. Na verdade, os sistemas de distribuição de água revelaram-se completamente incapazes de interromper a destruição. As condições sanitárias eram insuficientes o boom populacional era uma evidencia perigosa.
Esta catástrofe deu origem a uma série de projetos que melhoraram a cidade. Em particular, a construção do aqueduto de Croton em 1937 passou a assegurar um volume de água suficiente para dar resposta às necessidades da população e dos bombeiros. Estes novos sistemas de água revolucionaram a nação e serviriam de exemplo para muitas outras importantes cidades.