O Doutor Finanças, empresa especializada em finanças pessoais e familiares, neste final de ano, faz uma antevisão do que irá acontecer aos rendimentos dos portugueses em 2023 e avança algumas dicas de como cortar despesas para alcançar uma folga mensal.
Conforme refere Rui Bairrada, CEO do Doutor Finanças: “Para entrarmos em 2023 com as nossas finanças em ordem, é importante rever despesas e perceber o que vai mudar no próximo ano”.
Devemos informar-nos sobre quanto vamos receber de salário líquido no próximo ano e perceber se chegará para cobrir as despesas do agregado familiar. Sabendo os nossos rendimentos, é mais fácil começar a construir o orçamento mensal da família. Para isso, podemos conferir o valor dos nossos rendimentos para 2023, considerando todas as novas alterações, com o Simulador de Salário Líquido, ou, no caso de sermos pensionistas, o Simulador de Pensão Líquida.
Por outro lado, desde julho, o Banco Central Europeu (BCE) tem feito sucessivos aumentos dos juros de referência na Zona Euro, para tentar travar a subida dos preços.
Em 2023, é expectável que a tendência se mantenha. Segundo o próprio BCE, estão previstos aumentos significativos e constantes no próximo ano, que se traduzirão em acréscimos nos custos de financiamento das famílias e empresas. Em especial, nas prestações mensais dos créditos habitação.
A perspetiva de subida continuada dos juros na Zona Euro está apoiada nas estimativas mais pessimistas para a inflação na região, nos próximos três anos.
Desta forma, o especialista anuncia algumas dicas para 2023, como:
- Antecipar o aumento da prestação de crédito habitação
Visto que, de acordo com o BCE, a expectativa para o próximo ano é que o aumento de juros se mantenha, a taxa Euribor (o indexante do crédito habitação) vai acompanhar esta subida. Por isso, é importante antecipar quanto pode a nossa prestação do crédito habitação aumentar em 2023. Para esse efeito, devemos ter em conta fatores como: o prazo da taxa Euribor do nosso crédito (se é de 3, 6 ou 12 meses); o capital que ainda temos em dívida; o spread do nosso contrato; a quantidade de prestações que ainda temos por liquidar; e o valor da Euribor aplicado à revisão da nossa prestação.
Devemos informar-nos previamente sobre a Média mensal da Euribor, de forma a conhecermos a taxa média no prazo a que se refere o nosso contrato. A partir daí, e tendo em consideração os fatores mencionados, simulamos a variação da Euribor no crédito habitação. Assim, conseguimos perceber, no nosso caso concreto, quanto vai aumentar a nossa prestação mensal do crédito habitação.
- Fazer um orçamento
Para cortar despesas e ganhar uma folga mensal, devemos começar por fazer um orçamento familiar detalhado com todos os custos e despesas previstos (mesmo de lazer, como cafés fora). Caso já o façamos, devemos repensar o planeamento para ajustar detalhes e conseguir fazer cortes.
Depois, devemos apontar as despesas fixas mensais e estipular um valor máximo para os gastos variáveis, por área. Devemos também lembrar-nos de pagamentos que possam ser pontuais, como os impostos. É necessário depois contrapor este balanço com os rendimentos que a família recebe, analisar se são suficientes face às despesas, e se conseguimos ter folga no orçamento, para percebermos onde cortar e conseguir alcançar alguma poupança.
- Ponderar a consolidação de créditos
Se tivermos vários créditos contratados, como um crédito habitação, um crédito automóvel, um cartão de crédito e um crédito para adquirir um computador, devemos ponderar fazer uma consolidação de créditos. Uma vez que o conjunto das várias prestações mensais destes contratos tem um grande peso no orçamento mensal, juntar todos num só pode ajudar a poupar.
Em certos casos, a poupança pode até superar os 60%, dependendo dos créditos contratados, respetivos prazos e das novas condições propostas.
- Fazer uma revisão de contratos e seguros
Podemos ainda dar uma volta à nossa carteira de contratos e seguros. Se pedirmos uma revisão das condições dos contratos e seguros que temos atualmente, podemos conseguir propostas melhores e preços mais baixos.
Caso não fiquemos satisfeitos com as novas ofertas, também podemos ponderar transferir os produtos de instituição, de forma a ter prestações menos onerosas e até melhores condições.
- Repensar consumos não essenciais
Devemos repensar despesas variáveis que possam ser dispensadas. Se não forem consumos essenciais, deve ser um dos primeiros pontos a cortar.
Por exemplo, gastos com atividades de lazer, com vestuário, com idas a restaurantes ou encomendas de comida, são tudo consumos que podemos reavaliar.
Isto é: em vez de gastarmos dinheiro com atividades, porque não aproveitar iniciativas sem custos da nossa Câmara ou Junta de Freguesia? Ou usufruir da gratuitidade das visitas aos museus, no último domingo de cada mês? No vestuário, podemos optar pelo mercado de roupa em segunda mão para fazer compras. Também conseguimos comer fora não gastando tanto dinheiro, se encontrarmos descontos previamente online. Se fizermos a nossa reserva através de aplicações como a The Fork, podemos conseguir um desconto na nossa refeição, dependendo do restaurante.
- Investir para poupar mais à frente
Por fim, devemos ponderar investir em produtos que maximizem a nossa poupança a médio/longo prazo. Seja investimentos em produtos financeiros, em eficiência energética, ou até antecipando despesas.
Investindo em produtos financeiros, podemos optar, por exemplo, por um Plano poupança-reforma (PPR), certificados de Aforro, depósitos a prazo, entre outros.
Quanto à eficiência energética, para tornarmos a nossa casa mais eficiente, podemos ponderar a instalação de janelas eficientes, a compra de aparelhos mais eficientes e que não consumam tanta energia, ou a instalação de painéis solares, no caso de termos uma moradia.
Podemos também apostar na antecipação de despesas. Existem encargos extra que podemos evitar, se nos preocuparmos agora. Como, por exemplo, mantermos a saúde “em dia”, fazendo check-ups rotineiros