O segmento de residências para senior living e de lares para pessoas da terceira idade está a atrair cada vez mais investidores e espera-se que o volume de investimento no final de 2021 atinja um novo máximo anual. Horacio Blum, Operational Capital Markets Associate Director, da Savills Portugal explicou as razões que estão no fundamento deste crescimento.
Por Sandra M. Pinto
Com um investimento total acima dos 4 mil milhões de euros, o segmento superou em 38% a média dos últimos cinco primeiros trimestres, algo que Horacio Blum atribui sobretudo à confiança depositada no sector.
O segmento de residências para senior living e de lares para pessoas da terceira idade está a atrair cada vez mais investidores. Na sua opinião o que tem originado esta realidade?
Do ponto de vista do utilizador, existem tendências de estilos de vida, bem como económicas e demográficas, que estão a impulsionar o interesse sobre novas soluções para os mais velhos. Este potencial de mercado tem sido capaz de captar a atenção dos investidores, que estão dispostos a apostar no setor devido aos seus fundamentals sólidos.
Teve a pandemia Covid-19 algum impacto neste sector?
Certamente, e a nível europeu. Infelizmente, o impacto na saúde foi sentido, especialmente, durante os primeiros períodos da pandemia em instalações mais antigas ou com falhas ao nível de infraestruturas e recursos, principalmente devido à falta de preparação e medidas gerais. No seguimento de notícias trágicas que davam conta da vulnerabilidade do grupo etário dos mais velhos, rápidas e fortes reações por parte dos operadores permitiram restabelecer a segurança sanitária entre os residentes. O mercado imobiliário respondeu tanto a nível das propriedades – por exemplo, adaptando os requisitos de design e layouts -, como do ponto de vista do investimento, que recuperou fortemente, dando sinais de confiança nos fundamentals do mercado.
Quais as idades que mais procuram estas residências?
Embora seja geralmente assumido que as soluções residenciais para os mais velhos em todas as suas formas sejam direcionadas para pessoas acima dos 60 ano de idade, o grupo-alvo core mais provável situa-se entre os 70 e os 80 anos.
O que é que os utilizadores deste segmento mais procuram?
Conveniência, segurança, lazer e ambiente social, bem como um conjunto de serviços de apoio que se adequem às suas necessidades.
Podemos afirmar que existem aqui serviços à lá carte e à medida de cada um?
Absolutamente. É dessa forma que os operadores profissionais têm conseguido dar resposta às necessidades de um leque amplo e diverso de clientes-residentes. Contudo, esta oferta depende dos segmentos. Por exemplo, um preço único e abrangente poderá ser adequado para uma estrutura de residência assistida (assisted living), ao passo que uma operação de soluções residenciais para pessoas independentes poderá estruturar a sua oferta sobre uma base de arrendamento, a que acrescem amenities e outras fontes de rendimento.
Qual o valor registado no primeiro semestre de 2021 e qual o volume de investimento estimado para o final do ano?
No primeiro semestre do ano, registou-se um volume de investimento de mais de 4 mil milhões de euros no segmento imobiliário dedicado à população sénior, designadamente em residências para senior living e lares para pessoas da terceira idade. Este é o valor mais alto que já foi registado num primeiro semestre e supera em 38% a média das primeiras metades dos últimos 5 anos.
Olhando para os últimos 5 anos de que forma analisa a evolução deste segmento de mercado?
No futuro, além da consolidação do modelo de Assisted Living (Residência Assistida) em Portugal, nós prevemos uma expansão do mercado de soluções de vida independente. Este setor abrange os recém-reformados e os baby boomers, bem como down-sizers que pretendem manter certos aspetos dos seus estilos de vida e, ao mesmo tempo, aceder a uma rede de serviços, predominantemente alicerçados na promoção de sentidos de comunidade e no fator conveniência.
A alavancagem proporcionada pelas políticas ESG (Ambiente, Social e Governance) tem sido importante? Em que medida?
A natureza intrínseca das residências para seniores, com ou sem estruturas de apoio, beneficiam de alavancagem conferida pela dimensão social das políticas ESG. Num contexto em que ESG sobe cada vez mais nas prioridades estratégicas dos investidores, este atributo é bastante valorizado.