As alterações climáticas poderão ter impactos significativos nos bivalves de água doce da Península Ibérica, podendo levar à extinção de várias espécies. O alerta é dado num artigo científico publicado recentemente na conceituada revista científica “Science of the Total Environment”, e resulta da colaboração entre investigadores de Portugal e Espanha, sendo liderado por Janine P. da Silva, Ronaldo Sousa do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) e Ana Filipa Filipe do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia (CEF-ISA).
A investigação revela que espécies de bivalves enfrentam um elevado risco de extinção, especialmente as endémicas ou raras e com distribuições restritas. A drástica diminuição de condições climáticas necessárias à sobrevivência destas espécies nos rios e ribeiras nas próximas décadas é ilustrada através da modelação ecológica da distribuição destas espécies, utilizando dados de ocorrência, ambientais e de interações bióticas (i.e. peixes hospedeiros durante a fase larvar).
As espécies Margaritifera margaritífera e Unio tumidiformis são as mais preocupantes, sendo espectável a sua extinção global já em 2050 para futuros cenários do “International Panel of Climate Change” (IPCC). Mesmo espécies amplamente distribuídas na Península, como Potomida littoralis e Unio delphinus, deverão experienciar declínios significativos na sua área de distribuição, com extinções locais em diversas regiões.