Um automóvel é um bem que rapidamente sofre desvalorizações. Porém, adquirir uma viatura nova nem sempre compensa, porque sai sempre mais caro e ao fim de um ano já o veículo perdeu grande parte do seu valor de mercado (este decréscimo costuma ser de 15% a 20% ao ano). A questão que se coloca, porém, é a de como comprar um carro usado sem ser enganado. Descubra os maiores cuidados a ter.
Existem diversas vantagens associadas à aquisição de veículos em segunda mão, nomeadamente o facto de se poder comprar um carro melhor cujo preço não seria tão acessível se não fosse usado. Além disso, a desvalorização de um carro usado não é tão elevada como se fosse novo.
Saiba como comprar um carro usado sem ser enganado, seguindo quatro grandes passos.
Passo 1: definir quanto está disposto a pagar
Estabelecer um budget é essencial para não se deixar levar na hora de adquirir uma viatura usada. Faça o trabalho de casa: depois de escolhido o modelo e a marca que prefere, faça uma pesquisa pelos preços que estão a ser praticados no mercado para esse automóvel.
Mesmo que não disponha do montante total para a compra da viatura, hoje em dia é relativamente fácil conseguir um crédito automóvel, mesmo sem entrada inicial e até sem reserva de propriedade. É uma questão de perceber qual é a instituição financeira que oferece as melhores condições.
No âmbito do seu orçamento, não se esqueça também de ponderar as despesas que estão para além do preço do carro, nomeadamente o valor do registo de propriedade, o seguro automóvel e o Imposto Único de Circulação (IUC). Os prémios dos seguros variam, entre muitos outros fatores, conforme a marca e o ano de fabricação, por isso há que considerar estes atributos.
Tenha ainda em consideração que, se vai adquirir uma viatura no estrangeiro para trazê-la para Portugal, terá custos acrescidos com a legalização de carros importados.
Passo 2: decidir entre comprar num stand ou fazer negócio com particulares
Os stands, para além da variedade de carros que colocam à disposição do consumidor, são obrigados a dar uma garantia ao comprador, que varia entre um a dois anos, o que é inevitavelmente um ponto a favor.
Outra vantagem é a de que os stands normalmente recondicionam as viaturas, arranjando avarias e tratando também da parte estética do automóvel.
No entanto, por causa dessas reparações e devido à margem de lucro que pretendem auferir, um carro usado comprado num stand é geralmente mais caro do que quando adquirido a um particular.
Quando se compra a um particular, é normal que o carro seja vendido com alguns danos por reparar – mossas/amolgadelas, riscos, manchas nos estofos, desgaste do tabliê, direção desalinhada, etc. -, o que faz com que o preço a pagar possa naturalmente ser mais baixo.
Alguns stands admitem retomas – ou seja, a entrega do seu atual veículo -, o que permite abater alguns euros no preço. Se não estiver interessado em vender o seu carro atual e quiser desfazer-se do mesmo, é uma opção que lhe permite poupar algum dinheiro.
Seja comprado a um stand ou a um particular, nada como fazer o test drive do veículo e tentar saber o seu histórico, pedindo o livro de revisões.
Existe ainda a hipótese dos carros usados certificados pelas marcas, que recondicionam os veículos e vendem-nos normalmente em boas condições. Este pode ser um bom negócio, tendo em conta que o automóvel até já sofreu a maior parte da desvalorização inicial.
Passo 3: analisar cautelosamente o estado do veículo
Saber olhar para possíveis defeitos à vista no automóvel é crucial para não se deixar enganar pelas mais pequenas coisas. Desde logo, atente na pintura: abra o porta-bagagens, o capô e as portas e verifique se existem marcas de tinta com spray por cima da tinta original.
Experimente os pedais para averiguar se estão desgastados por condução abusiva. Verifique todos os comandos do carro (abertura de vidros, ar condicionado, etc.) e o sistema de som.
Veja ainda se, quando liga o carro, ficam acesas algumas luzes do painel de instrumentos que não é suposto, tais como a da bateria, a do ABS e a do nível do óleo, a título exemplificativo.
Na altura em que for fazer o test drive e puser o motor a trabalhar, note que o mesmo não deve ter ruídos e batidas constantes. Se ouvir um determinado chiar, este pode ser um indicador de problemas na correia de distribuição. Se a direção vibrar ou abanar enquanto se conduz, a caixa de direção pode estar solta.
Passo 4: como comprar um carro usado sem ser enganado nos quilómetros?
Se notar muito desgaste nos estofos do carro e no volante (se o mesmo for em pele), bem como folgas na caixa de velocidades, mas o carro tiver poucos quilómetros, tenha atenção, porque tal não é normal numa viatura particular que seja recente.
Se o carro for português, pode deslocar-se ao IMT ou, através dos serviços online do IMT, solicitar uma certidão de inspeção para o veículo que pretende adquirir (referindo a matrícula do mesmo e o motivo da pretensão), sendo que neste documento constará o registo dos quilómetros que o automóvel tinha em cada uma das inspeções técnicas. Se verificar discrepâncias em algum dos anos, tal significa que o conta-quilómetros foi adulterado. Para pedir esta certidão, basta ter a matrícula do carro e pagar 30 euros.
Já se o veículo for importado, veja o chamado VIN (Vehicle Identification Number) – ou, em Português, Número de Identificação do Veículo -, que é uma referência universal usada para criar o registo individual de cada automóvel que é produzido. Em linguagem corrente, é o designado “número do chassis”. Existem alguns sites europeus que, através da inserção deste número, mostram quantos quilómetros tinha o carro na última inspeção realizada no seu país de origem.
Portanto, para saber como comprar um carro usado sem correr grandes riscos, basta seguir todos estes cuidados. Ao fazer o test drive, não demore apenas cinco minutos: conduza durante cerca meia hora, alternando a velocidade. Tente sempre negociar o preço do carro. Como comprar um carro usado sem sair defraudado? Simples: é só tomar as devidas precauções.