Partilhar

Portugal é onde menos se morre em casa apesar do investimento nos paliativos

Portugal é um dos países onde se morre menos em casa, segundo um estudo de investigadores portugueses que envolveu 32 países e analisou o impacto da pandemia na morte no domicílio.

3 Janeiro 2024
Forever Young

Em declarações à agência Lusa, a investigadora da universidade de Coimbra Bárbara Gomes explicou que se tratou do maior estudo de tendências internacionais sobre o tema, sendo igualmente o primeiro a mostrar o impacto da pandemia a nível global na maioria dos países estudados, com um regresso à morte no domicílio.

A investigadora considerou que os dados de Portugal são “um reflexo de um sistema muito hospitalocêntrico” – com os cuidados de saúde muito centrados nos hospitais – e que já mostravam percentagens de óbitos em casa inferiores aos outros países antes da pandemia.

“Não nos surpreendeu que, por um lado, a percentagem de morte em casa em Portugal fosse das mais baixas e que também tivéssemos observado uma diminuição da percentagem de morte em casa, tanto antes, como durante a pandemia”, disse a especialista, sublinhando, contudo, que os investigadores contavam encontrar alguma mudança nos dados nacionais, o que não aconteceu.

“Sabemos que temos tido um investimento na área dos cuidados paliativos, tanto a nível do SNS [Serviço Nacional de Saúde] como também de algumas iniciativas privadas, como o Programa Humaniza [da Fundação ‘la Caixa’] e, portanto, aspiraríamos encontrar alguma mudança neste sentido, que não parece ter existido”, explicou.

O estudo internacional, liderado pela investigadora da Universidade de Coimbra, e por Silvia Lopes, docente da Universidade Nova de Lisboa (Escola Nacional de Saúde Pública), analisou dados relativos à morte de mais de 100 milhões de pessoas, com idades acima dos 18 anos, entre 2012 e 2021.

No intervalo temporal 2012-2013, a percentagem de óbitos em casa nos países incluídos foi de 30,1% (27,4% em Portugal), tendo aumentado para 30,9% em 2018-2019, antes da pandemia, ao contrário do que aconteceu em Portugal, que viu o valor descer para 24,9%.

No último período analisado (2020-2021), durante a pandemia de covid-19, o valor continuou a cair em Portugal (23,4%), um comportamento contrário ao dos restantes países, onde a percentagem de mortes em casa subiu para 32,2%.

“Sobretudo na área dos cuidados paliativos domiciliários, [o investimento] pode não ser suficiente para chegar de forma expressiva a todos os que necessitam”, admitiu Bárbara Gomes.

Segundo dados divulgados em dezembro pelo jornal Público sobre a cobertura nacional de cuidados paliativos, as estimativas apontam para a necessidade de 126 assistentes sociais, 128 psicólogos, 181 médicos, 354 enfermeiros e 92 assistentes operacionais.

Sobre as causas de morte em casa, a investigadora Bárbara Gomes referiu que, ao contrário do que aconteceu com a maior parte dos restantes óbitos, as mortes por cancro no domicílio cresceram em Portugal.

“Neste grupo registámos um aumento de morte no domicílio antes e após a pandemia, o que pode ser explicado por o cancro ser uma doença de trajetória mais previsível e também com acesso a cuidados paliativos, mais cedo e mais bem integrados”, afirmou.

Defendeu ainda a necessidade de se começar a pensar em fazer chegar os cuidados paliativos “a doentes não oncológicos”, como, por exemplo, as pessoas com demência.

Considerou importante “refletir sobre a situação de Portugal no contexto internacional”, assegurando que “os cuidados de saúde efetivamente acompanham as pessoas onde elas querem estar”.

“Se a mudança que nós vimos nos países de uma forma global – de crescente morte em casa – for devidamente apoiada, alinhada com as preferências (…) e se estiver associada a bons resultados, com sintomas bem controlados, maior qualidade de vida e conforto, então estaremos no bom no bom caminho”, disse.

Contudo – lembrou – “se, por outro lado, houver deficiências nos cuidados de fim de vida, com risco de falharmos com os doentes e os familiares em casa, então devemos repensar e melhorar o apoio domiciliário em fim de vida”.

Mais Recentes

Pingo Doce abre o primeiro restaurante em Portugal com pagamento por Inteligência Artificial

há 14 horas

Celeste adoça a Páscoa com o irresistível Folar de Limão

há 14 horas

Amoreiras Shopping Center apresenta Via Sacra num cenário imponente e interativo

há 14 horas

Taberna Londrina inaugura (amanhã) o terceiro restaurante em Lisboa

há 14 horas

À atenção de pais e avós: cyberbullying – 6,1% dos jovens até aos 18 anos já foram vítimas

há 14 horas

Unidade hoteleira 5 estrelas lança sobremesa inspirada no famoso Chocolate do Dubai

há 15 horas

PEN Norte-americano atribui a Mia Couto o Prémio PEN/Nabokov 2025

há 15 horas

Rock ‘n’ Metro acontece já amanhã no Metropolitano de Lisboa: saiba onde e a que horas

há 16 horas

Experiência à beira-Tejo que vai seduzir os apreciadores dos melhores vinhos portugueses

há 16 horas

NASA oferece quase 3 milhões de euros a quem recuperar as 96 malas deixadas pelos astronautas na Lua (não imagina o que têm lá dentro)

há 17 horas

Doença de Parkinson: «Ajudar a melhorar o dia a dia de um doente é um ato de amor e dedicação», Ricardo Azevedo, diretor técnico Espaço Avós

há 18 horas

«Este é o erro comum que faz com que massa fique mais calórica», revela especialista

há 18 horas

Quer pagar menos de luz? Veja aqui como (e saiba também quais os fornecedores mais baratos)

há 18 horas

EMEL já pode multar também por infrações ao Código da Estrada: vai criar uma unidade de fiscalização especial para alguns veículos em particular

há 18 horas

Novas suites La Première da Air France já levantaram voo entre Paris-CDG e Nova Iorque-JFK

há 19 horas

Este folar de Páscoa inspirou-se num doce conventual de Amarante (ninguém lhe resiste)

há 20 horas

Hospital Lusíadas Monsanto leva a palco peça de teatro sobre Alzheimer

há 20 horas

Restaurante CITRUS recebe certificação internacional “The PLEDGE on Food Waste”

há 21 horas

Rainha Camilla revela o “segredo” do seu casamento feliz com o Rei Carlos

há 22 horas

Depois da tablete viral, surge a tarte de chocolate do Dubai (que todos vão querer experimentar)

há 22 horas

Subscreva à Newsletter

Receba as mais recentes novidades e dicas, artigos que inspiram e entrevistas exclusivas diretamente no seu email.

A sua informação está protegida por nós. Leia a nossa política de privacidade.