Um ataque cardíaco é uma experiência que pode gerar muitos medos em quem o sofreu. Além de todas as responsabilidades e problemas do dia a dia, os doentes passam a preocupar-se mais do que antes com a sua saúde e muitas vezes sentem ansiedade, depressão e medo de passar por isso novamente.
Com orientação e acompanhamento adequados é possível reduzir o risco de um segundo episódio
Função cardíaca residual: é essencial saber como está o seu coração após o enfarto. O primeiro passo é compreender a fundo as consequências que isso deixou no músculo cardíaco. Deve consultar frequentemente o cardiologista para conhecer e modificar os fatores de risco que levaram ao ataque cardíaco. Também é importante saber o grau de obstrução das demais artérias (aquelas que não são responsáveis pelo enfarto atual). Com todos esses dados é possível estimar o risco individual de cada doente.
Adesão ao tratamento: após um enfarto, é comum que sejam prescritos medicamentos para controlar a pressão arterial, reduzir o colesterol ou prevenir a formação de trombos, que não devem ser retirados em hipótese alguma, sem avaliação prévia do cardiologista.
Adote uma dieta saudável para o coração e mantenha um peso normal: Uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais, peixe, nozes e azeite pode ajudar a manter as artérias limpas e o coração em boa forma. É importante evitar alimentos ricos em gorduras saturadas de origem animal , sal e açúcares adicionados. O excesso de peso coloca uma carga adicional no coração e aumenta a probabilidade de desenvolver problemas cardiovasculares.
Atividade física e reabilitação cardíaca: O exercício é essencial para fortalecer o coração. É importante consultar o cardiologista antes de iniciar um programa de exercícios, pois pode necessitar de um programa de reabilitação cardíaca, programas que se revelaram eficazes no aumento da capacidade funcional, no controlo dos fatores de risco coronário, na redução dos sintomas e na melhoria do estado psicológico.
Pare de fumar: Foi demonstrado que as pessoas que continuam a fumar após terem sofrido um ataque cardíaco têm até cinco vezes mais risco de mortalidade por causas cardiovasculares do que os que param. O consumo de tabaco leva ao aparecimento de lesões endoteliais (danos na parede das artérias) que contribuem para o desenvolvimento da aterosclerose. Também favorece o desenvolvimento de intolerância à glicose e, em pessoas já diabéticas, dificulta o controle glicémico. Finalmente, diminui os níveis de HDL e aumenta os triglicerídeos. Embora não cause diretamente hipertensão, está relacionado a níveis mais elevados de pressão arterial.
Limitar o consumo de álcool: O consumo excessivo de álcool pode aumentar a pressão arterial e contribuir para problemas cardíacos, além de estar associado ao desenvolvimento de arritmias como a fibrilação atrial. Mas também pode causar danos diretos (devido à toxicidade) ao músculo cardíaco, o que reduz a sua capacidade de bombear o sangue.
Manter um acompanhamento próximo em consulta: devido ao elevado risco de novos eventos cardiovasculares em doentes com enfarte do miocárdio, e dado que são muitas as causas que contribuem para um segundo enfarte, é importante um acompanhamento posterior em cardiologia, não apenas para avaliar a recuperação após um ataque cardíaco, mas também para detetar e tratar potenciais fatores de risco.