O evento inclui exposições dedicadas à cerâmica contemporânea, visitas a fábricas e a ateliers de artistas locais e diversas intervenções urbanas. As exposições, de entrada livre, evidenciam o poder inspirador da cerâmica no Mediterrâneo, as memórias históricas e as inovações artísticas contemporâneas. Além disso, os visitantes podem conhecer o processo criativo dos ceramistas e participar em iniciativas de rua que integram a arte no quotidiano das cidades.
Exposições nacionais e internacionais em Alcobaça
No Armazém das Artes, em Alcobaça, estão patentes três exposições de grande importância. A primeira, “Cerâmica Mediterrânica e a sua Influência Global” resulta de uma call organizada pela Academia Internacional de Cerâmica, dirigida a todos os seus membros, e da qual resultou a seleção de 45 artistas de 26 países, que ali apresentam através da arte o poder inspirador da cultura antiga do Mediterrâneo. Com curadoria de Alberto Guerreiro e José Antunes, a exposição pode ser vista até 30 de novembro, das 14h às 17h.
No mesmo espaço, a exposição “José Aurélio — Uma Retrospectiva de Cerâmica” oferece uma visão abrangente da produção cerâmica de um dos mais importantes escultores portugueses. Com curadoria de Alberto Guerreiro, esta retrospetiva, inédita, revisita a década em que José Aurélio dedicou o seu talento à cerâmica, oferecendo uma leitura singular da sua obra. Até 2 de março de 2025.
Ainda em Alcobaça, a exposição “45/24 Pratos da Guerra, Pratos de Paz”, comissariada por José Aurélio, Alberto Guerreiro e Maria Manuel Aurélio, recria uma antiga iniciativa da Olaria de Alcobaça, que, nos anos 40, assinalava os avanços dos aliados na II Guerra Mundial. Nesta nova abordagem, artistas contemporâneos, entre os quais José Aurélio, Liliana Sousa e Sofia Areal, dialogam com as peças históricas, refletindo sobre temas universais como a guerra e a paz. A exposição, patente até março do próximo ano, convida à contemplação sobre o impacto duradouro da cerâmica, num tributo à sua capacidade de inspirar e provocar reflexão sobre questões atuais.
Caldas da Rainha: uma imersão cultural criativa única
Por sua vez, a co-anfitriã do congresso, que reúne cerca de 300 congressistas de todo o mundo, apresenta, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha (CCC), três exposições imperdíveis que podem ser visitadas todos os dias até às 19h30.
Na galeria do centro cultural é possível conhecer até 30 de novembro o trabalho de oito artistas portugueses membros da AIC, através da exposição “Cerâmica Contemporânea Portuguesa“. Ana Rocha da Cruz, Carlos Enxuto, Heitor Figueiredo, João Carqueijeiro, Sofia Beça, Stela Ivanova, Xana Monteiro e Yola Vale são os ceramistas nacionais presentes, destacando a diversidade de percursos e investigações que refletem o vasto legado da cerâmica. A mostra, com curadoria de José Antunes e Alberto Guerreiro, evidencia a importância da cerâmica portuguesa no panorama global em diálogo com a exposição dos membros internacionais da AIC, patente no Armazém das Artes, em Alcobaça. Já o átrio convida a conhecer a exposição “Azulejo”, que resulta de um convite da Academia Internacional de Cerâmica aos seus membros para criarem um azulejo coletivo, inspirado no tema do Congresso.
Por fim, na Mezzanine, a exposição “Fusion of Vision”, criada por membros Benelux da AIC, reflete os conceitos de fusão e confusão que definem a era contemporânea. A exposição antecipa uma versão maior e itinerante da arte cerâmica na região do Benelux, que será apresentada em vários locais da Europa entre 2025 e 2026, destacando a vanguarda da cerâmica naquela região. Pode ser vista até dia 20 de setembro.
Também o Centro de Artes das Caldas da Rainha se junta a esta celebração de caráter mundial, com três exposições excecionais: “Cerâmica Contemporânea nas Caldas da Rainha – Obras da Colecção Municipal“, patente no Espaço da Concas, reúne uma seleção de cerâmica de autor, representando as figuras mais marcantes dos últimos 50 anos. Com curadoria de José Antunes, a mostra inclui peças de artistas como Ferreira da Silva, Eduardo Constantino, Mário Reis, e muitos outros. A diversidade de estilos e técnicas presentes reflete a riqueza do panorama cerâmico das Caldas da Rainha e o seu papel essencial na história da cerâmica contemporânea em Portugal. A exposição fica patente e aberta ao público em geral, até 11 de novembro.
No Museu Barata Feyo, a exposição “Linguagem“, de Sílvia Jácome, convida os visitantes a mergulharem na delicadeza e expressividade do seu trabalho cerâmico, enquanto na Casa Amarela, a Colecção de Arte Popular de Victor Santos revela uma vasta gama de tipologias tradicionais de artesanato português, reunidas ao longo de mais de 50 anos. Entre os principais destaques estão a olaria, a barrística, a arte pastoril, a latoaria, a cestaria, o trabalho com metais, miniaturas de barcos tradicionais e máscaras. A coleção inclui obras de renomados artistas como Rosa Ramalho, José Maria Rodrigues, Júlia Côta, José Franco, Álvaro Chalana, Izaclino Palma, Ti Guilhermina, Ana Baraça, António Manuel Tito e Isidro Manuel Verdasca, entre outros. Está aberta ao público até dia 20 de setembro, entre as 9 e as 12h30 e entre as 14 e as 17h30.
Descobrir a cerâmica de Alcabaça e das Caldas da Rainha através de novas experiências
O 51.º Congresso Internacional de Cerâmica, que decorre pela primeira vez em Portugal, celebra a tradição e inovação na arte cerâmica, mas oferece também uma imersão cultural nas regiões de Alcobaça e Caldas da Rainha, convidando o público a explorar e redescobrir o património artístico português e a sua relevância no contexto internacional.
Há, por isso, várias propostas culturais que convidam a descobrir o território destas duas cidades que, por estes dias, se encontram no epicentro internacional da cerâmica. Em Alcobaça, por exemplo, o emblemático Mosteiro de Alcobaça, Património Mundial da UNESCO, convida a conhecer o conjunto escultórico criado pelos monges barristas, uma obra-prima em terracota que reflete o virtuosismo cerâmico da região. Os visitantes podem ainda explorar o Percurso Pedro & Inês em Cerâmica de Alcobaça, que reinterpreta em cerâmica o romance trágico de Pedro e Inês, uma das mais célebres histórias de amor de Portugal, e visitar o Museu Raul da Bernarda, que celebra mais de 135 anos de cerâmica local.
Para quem deseja explorar o criativo mundo da cerâmica nas Caldas da Rainha, cidade Criativa da UNESCO, será lançado para estes dias um guia detalhado que destaca os principais ceramistas e os seus ateliers. O mapa oferece um percurso pelos pontos mais emblemáticos da cidade e criações cerâmicas e indica as icónicas fachadas coloridas com azulejos, que são a marca registada da cidade.
Também as ruas centrais se transformam num centro de exposição ao ar livre. Para assinalar o congresso, os ceramistas locais e os comerciantes juntaram-se para transformar vitrines e fachadas em autênticas galerias de arte, onde estarão em exposição intervenções artísticas exclusivas e originais. No coração da cidade, será assim possível sentir o pulsar da cerâmica, através das mais variadas cores, formas e texturas das peças em exposição.
Quem quiser mergulhar no processo criativo, pode ainda visitar os estúdios de ceramistas que, por estes dias, se encontram abertos ao público. Ali será possível conhecer os artistas locais, as suas obras e processo criativo. Trata-se de uma oportunidade única de conhecer de perto o trabalho e o talento dos artesãos da região.
Por fim, no dia 18, a cidade convida a participar na festa da criatividade na emblemática Praça da Fruta, que será palco de um vibrante mercado noturno. Das 17 às 23 horas, o local, tradicionalmente conhecido pelo seu mercado de frutas e legumes, transforma-se num espaço de criatividade, oferecendo uma mistura eclética de moda, música, design, ilustração, cerâmica e muito mais. O “Bazar à Noite – Edição Congresso” promete uma celebração de produtos criativos, proporcionando uma experiência enriquecedora para todos os visitantes