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Zazu e Heartie aliviam sofrimento nos cuidados paliativos do IPO do Porto

Os doentes em cuidados paliativos do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto recebem desde outubro, semanalmente, a visita de cães de intervenções assistidas, um apoio que utentes, familiares e profissionais garantem ajuda-os a minimizar o sofrimento.

3 Dezembro 2024
Forever Young com Lusa
female psychologist consulting patient at the desk in hospital. Medicine and health care concept

 

Um golden retriever de três anos, chamado Zazu, e um border collie de 22 meses, de nome Heartie, acompanhados respetivamente pelos tutores Catarina Cascais e Abílio Leite, são os protagonistas deste serviço disponibilizado pela Associação Ânimas, e cuja presença se sente logo nos corredores do IPO.

Com projetos noutras unidades de saúde do Porto e também em escolas, a associação forma cães de assistência para pessoas com deficiência que se candidatem a este auxílio, sendo que estes, terminada a formação, são entregues gratuitamente aos novos donos.

À Lusa, Catarina Cascais contou os objetivos do projeto, agora com doentes oncológicos: “o que vimos fazer é tornar este ambiente um bocadinho mais relaxado, tentar promover a qualidade de vida das pessoas, diminuir a ansiedade e a sintomatologia depressiva, melhorar o relacionamento interpessoal, quer entre utentes quer entre profissionais de saúde e familiares. Reduzir, de alguma forma, a sensação de solidão e trazer um bocadinho de bem-estar e de conforto”.

Sobre os protagonistas, acrescentou: “o que os cães fazem é dar muito amor e fazer com que as pessoas vivam aquele momento (…) e que durante um bocadinho se esqueçam da situação em que se encontram”.

Já acerca do retorno, principalmente dos doentes, a tutora disse haver “uma gratidão envolvida que é muito grande, muito genuína” associada à satisfação de perceber que “nestes finais de vida” que conseguem “ainda trazer emoções positivas, sorrisos, bem-estar e conforto, o que faz toda a diferença”.

A responsável pela equipa de Psicologia, Sónia Castro, revelou testemunhos de doentes e de familiares de “que é extremamente tranquilizador para eles, até enriquecedor, este contacto com os animais”.

“O contacto com os animais ativa no nosso cérebro os sistemas de tranquilidade e de prazer e, portanto, é visível o benefício que os doentes e familiares têm com esta experiência”, frisou a especialista, que assinalou ainda como “positivo para os doentes, saírem um bocadinho do quarto, poderem conversar um bocado sobre as suas vivências familiares, os seus animais domésticos, e quebrar o isolamento.

Sónia Castro revelou também que “os ganhos são visíveis nas horas seguintes [à visita dos animais], mas vai ficando a vontade de voltar na semana seguinte, o que em termos de objetivos de vida e de sentido de vida, ajustado à realidade dos doentes nesta fase, pode ser muito importante haver alguma projeção no futuro a breve prazo”.

A coordenadora da atividade, Débora Filipe deu nota que os níveis de stress, insónia e de dor normalmente associados ao internamento surgem “diminuídos após a interação com estes animais”.

“Eles já agendam mentalmente que na semana seguinte os cães voltam e vêm esta atividade como um objetivo e um sentido de vida, sendo que muitas delas têm internamentos muito prolongados”, contou à Lusa a médica.

A terminar confirmou que entre os profissionais da saúde “relatam níveis de bem-estar, de satisfação na interação com o resto da equipa clínica”, concluindo que “tem sido muito positivo para todos”.

Ermelinda Pereira, doente oncológica, foi a primeira a brincar com o Zazu, que lhe saltou para o colo à espera pelos biscoitos que os tutores entregam aos doentes para fomentar a interação com os animais, acompanhadas de palavras de estímulo.

“Fico mais bem-disposta. Eu gosto de os ver. Eu agora é que não posso, porque quando eu tinha força em consolava-me de vir aqui e estar um bocado grande com eles a brincar”, contou à Lusa a idosa.

Ao lado, minutos depois de se ter emocionado com a chegada do Zazu e do Heartie, Maria Oliveira, esposa de doente oncológico, contou à Lusa ser a primeira vez que contactou com o projeto e que a razão das lágrimas que a assaltaram prende-se com outro cão.

“Eu tenho um cão pequenino e quando o meu marido adoeceu pela segunda vez, há uns meses, ele deixou de comer e de andar, tal como o meu marido. Esta ligação espiritual entre o cão e o homem é fabulosa”, disse.

Logo depois, acompanhou as duplas de assistência aos quartos, para levar os cães ao marido e, dessa forma, dar substância às palavras finais no diálogo com a reportagem Lusa: “É um dia com mais alegria e mais esperança. Espero”.

*** Jorge Fonseca (texto), André Sá (áudio e vídeo) e Estela Silva (fotos), da agência Lusa ***

JFO // MSP

Lusa/Fim

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