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Números da doença de Lyme tendem a crescer na Europa: especialistas explicam os perigos desta patologia

Falámos com dois especialistas que nos explicaram em que consiste esta doença infeciosa.

24 Fevereiro 2025
Sandra M. Pinto

Quase meio milhão de pessoas estão a ser diagnosticadas e tratadas anualmente nos Estados Unidos, onde a doença de Lyme foi diagnosticada pela primeira vez, revela um estudo publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Uma pesquisa publicada pelo BMJ Global Journal concluiu que mais de 14% da população mundial tem ou teve a doença de Lyme. Homens com 50 anos ou mais que vivem em áreas rurais estão em maior risco. A Europa Central teve a maior taxa de infeção, com 20%.

A investigação, que reuniu dados de 89 estudos anteriores, confirmou que a doença é comum em todo o mundo. A bactéria Borrelia burgdorferi, causadora da infeção, foi encontrada no sangue de 14,5% do total de quase 160 mil participantes.

Desde 1999 que a doença de Lyme é de declaração obrigatória em Portugal. Como o diagnóstico é complicado, fomos ouvir dois especialistas para saber mais sobre esta patologia.

O que é a doença de Lyme

«A doença de Lyme é uma infeção bacteriana causada pela Borrelia burgdorferi, transmitida pela picada de carraças infetadas do género Ixodes», começa por referir Ana Isabel Pedroso, especialista em Medicina Interna e Medicina Intensiva.

Hélder Pinheiro, Infeciologista no H. Cascais e Professor na Nova Medical School, acrescenta que «esta é uma doença negligenciada que pode colocar em risco residentes e viajantes no hemisfério norte, em zonas onde a carraça do género Ixodes é muito frequente». Questionado sobre a sua distribuição geográfica, o especialista adianta que esta «inclui algumas zonas dos Estados Unidos da América, toda a Europa, principalmente a Europa central e na Rússia».

Mas será que a doença surge durante todo o ano ou há épocas especificas? «A altura do ano mais propícia ao contato com as diferentes espécies desta carraça é na primavera-verão, contudo a transmissão da infeção tem aumentado a sua incidência ao longo do ano e com uma distribuição geográfica cada vez mais alargada, muito provavelmente relacionadas com as alterações climáticas», esclarece Hélder Pinheiro.

Como se manifesta a doença de Lyme

A doença de Lyme manifesta-se inicialmente por um eritema migratório – uma lesão cutânea em forma de alvo –, podendo evoluir para sintomas sistémicos, como febre, fadiga, artralgias e, em fases avançadas, atingir o sistema nervoso, articular e cardíaco», refere Ana Isabel Pedroso.

Mas, se não for tratada a doença evolui em 3 fases diferentes que importa saber reconhecer. «A fase inicial da infeção (estádio I) é uma fase de doença localizada, que tem início 7-14 dias após a picada, que se caracteriza pelo surgimento de uma lesão típica na pele e facilmente reconhecida (designada por eritema migrans)», refere Hélder Pinheiro. É uma mancha avermelhada e circular, normalmente quente, mas indolor e que surge ao redor do local da picada da carraça. «Esta mancha ocorre em cerca de 70-80% dos doentes, podendo não estar presente nos restantes», acrescenta.

Outros sintomas, que «apesar de serem menos específicos são muito frequentes, assemelham-se a um síndrome gripal, tais como as dores musculares e articulares, a dor de cabeça, a febre, o cansaço e menos frequentemente as manifestações oculares como a conjuntivite». Nas palavras deste especialista, o reconhecimento desta fase inicial «é extremamente importante uma vez que o tratamento com antibióticos é mais eficaz nesta fase e evita a evolução para as fases mais tardias e mais graves, como a fase disseminada precoce, com atingimento neurológico (ex. paralisia facial, meningite) e cardíaco (ex. miopericadite), ou a fase disseminada tardia, também designada por neuroborreliose, com alterações cognitivas e psiquiátricas, alterações da marcha e artrite crónica».

Diagnóstico e tratamento da doença de Lyme

«O diagnóstico é clínico, apoiado por testes serológicos nos estágios tardios», avança Ana Isabel Pedroso, que acrescenta que «o tratamento com antibióticos, como a doxiciclina ou a amoxicilina, é eficaz quando iniciado precocemente». De fato, como reforça Hélder Pinheiro, em alguns casos, «se o risco ou suspeita de transmissão da infeção for elevado (ex. tempo de exposição à picada ³36 h) pode ser necessário iniciar profilaxia pós-exposição com antibióticos, pelo que nesta situação devem ser procurados cuidados médicos».

Prevenção da doença de Lyme

Para Ana Isabel Pedroso, a «prevenção foca-se no uso de repelentes e na remoção precoce de carraças», opinião corroborada pelo infeciologista, Hélder Pinheiro. «Uma vez que não existem vacinas contra esta infeção, a sua prevenção inclui medidas para evitar a exposição a carraças em zonas de risco, como usar vestuário adequado de cores claras, com mangas compridas e calças, usar repelente para carraças, inspeção de zonas da pele exposta, assim como a remoção imediata da carraça após a picada», especifica.

O especialista alerta ainda que «a remoção atempada da carraça baixa significativamente o risco de infeção já que a transmissão normalmente ocorre quando o tempo de exposição se situa entre as 12 e as 24h». Adicionalmente «é aconselhada a inspeção cuidadosa e vigilância do local da picada para procurar sinais de infeção», conclui.

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