As associações apelam ao alargamento urgente da vacinação aos grupos relativamente aos quais há evidência indiscutível sobre os benefícios da vacina e à implementação de rastreios regulares como ferramentas essenciais para eliminar as doenças associadas e salvar vidas.
Segundo os dados mais recentes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em 2023, a cobertura vacinal contra o HPV até aos 15 anos atingiu os 91% em Portugal, sendo o país comunitário com maior percentagem de vacinação e acima da média de 64% da UE. Ainda assim, as associações frisam que a população não abrangida pelo Plano Nacional de Vacinação, em risco e que tem vantagem em ser vacinada, não pode ser esquecida.
“A vacinação contra o HPV é uma ferramenta de prevenção primária incrivelmente eficaz e segura. E é fundamental que a vacinação seja alargada a todos os jovens, rapazes e raparigas, para garantir a máxima proteção contra os tipos de HPV mais associados ao cancro. Em Portugal, temos feito um caminho notável nesse sentido, mas é preciso mais!”, afirma Cláudia Fraga, presidente da MOG, que sublinha ainda a importância do rastreio e do diagnóstico precoce: “O rastreio regular, através do teste de Papanicolau, é essencial para detetar lesões pré-cancerosas numa fase inicial, quando o tratamento é mais eficaz e menos invasivo. É crucial que as mulheres tenham acesso facilitado a estes exames e que sejam devidamente informadas sobre a sua importância.”
A vacina contra o HPV faz parte do Programa Nacional de Vacinação, sendo disponibilizada de forma gratuita a raparigas e a rapazes, aos 10 anos, num esquema de duas doses semestrais. O GAT, que tem trabalhado ativamente na defesa dos direitos dos doentes e no acesso a cuidados de saúde de qualidade, sublinha a importância de proteger outras franjas da população mais vulneráveis, como pessoas com determinadas doenças (incluindo VIH) e outros grupos em risco. Luís Mendão, Diretor Geral do GAT, enfatiza: “Precisamos de uma agenda de vacinação para as pessoas com VIH e aumentar o número de vacinas gratuitas e das comparticipações do Estado. A infeção pelo HPV é uma das que não tem um programa vacinal a pensar em quem já vive em risco acrescido, devido a outras patologias associadas”.
O HPV é uma infeção sexualmente transmissível extremamente comum, estimando-se que 85 a 90% das pessoas sexualmente ativas tenham contacto com o vírus em alguma altura das suas vidas. Na maior parte das vezes, sem saberem, uma vez que a infeção não apresenta sintomas. Existem mais de 200 tipos de HPV e, embora muitas infeções desapareçam espontaneamente, algumas podem persistir e levar ao desenvolvimento de lesões pré-cancerosas e, eventualmente, cancro.1
O HPV é, assim, responsável por aproximadamente 95% dos cancros do colo do útero, 91% dos cancros do ânus, 90% dos condilomas genitais, 75% dos cancros da vagina, 70% dos cancros da orofaringe, 69% dos cancros da vulva e 63% dos cancros do pénis.2
O HPV transmite-se, sobretudo, através da atividade sexual, mas esta transmissão pode acontecer através de qualquer contacto íntimo pele a pele, seja ele sexo vaginal, anal ou oral. O preservativo é recomendado, diminuindo a probabilidade de transmissão, mas não é 100% efetivo, alertam as associações.
Referências:
- https://www.europeancancer.org/content/the-impact-of-hpv.html
- https://www.cancer.gov/about-cancer/causes-prevention/risk/infectious-agents/hpv-and-cancer