Não é preciso ser especialista em tecnologia para perceber os sinais de que algo está errado com o telemóvel. Pequenas alterações no comportamento do dispositivo podem ser os primeiros indicadores de que alguém está a ver as suas atividades sem o seu consentimento.
Aplicações espiões são projetadas para operar discretamente, mas deixam rastos que podem ser identificados por utilizadores atentos. De entre os diversos sinais de alerta, três destacam-se pela frequência e pela relativa facilidade de identificação, mesmo para quem não possui conhecimentos técnicos avançados em segurança digital.
O primeiro e mais percetível sinal é a queda repentina de desempenho do aparelho. Smartphones modernos são otimizados para multitarefas, mas quando programas maliciosos executam processos constantes em segundo plano, o sistema fica sobrecarregado. Se o seu telemóvel começou a parar em aplicações que antes funcionavam perfeitamente ou se a transição está visivelmente mais lenta, isso pode indicar a presença de software espião.
Associado à lentidão, o superaquecimento incomum também merece atenção. É normal que os dispositivos aqueçam durante jogos exigentes, streaming de vídeo ou carregamento da bateria, mas se o aparelho fica quente mesmo em repouso ou quando se realizam tarefas simples, isso sugere que algum programa está a consumir recursos constantemente em segundo plano – característica típica de aplicações espiões.
Um teste simples para verificar é reiniciar o aparelho e deixá-lo em repouso, sem abrir nenhuma aplicação durante alguns minutos. Se mesmo assim ele aquecer significativamente, há motivos para suspeita. Diversos utilizadores que descobriram que estavam a ser alvo de espiões relatam ter percebido este sinal muito antes de confirmar a invasão por outros meios.
O segundo sinal importante é a presença de aplicações desconhecidas ou suspeitas no dispositivo. Softwares espiões mais sofisticados podem ocultar-se do ecrã inicial e da lista de aplicações recentes, mas ainda precisam de estar instalados no sistema para funcionar. Uma inspeção cuidadosa nas configurações do aparelho pode revelar a sua presença oculta.
Para verificar aceda a “Configurações” > “Aplicações” > “Ver todos os aplicativos”. No iPhone, vá para “Ajustes” > “Geral” > “Armazenamento do iPhone”. Observe com atenção aplicações com nomes genéricos como “Sistema”, “Atualização”, “Backup” ou nomes que parecem serviços legítimos mas contêm erros ortográficos subtis – uma tática comum para enganar utilizadores menos atentos.
O terceiro e talvez mais confiável sinal de monitorização indevida é o consumo anormal de recursos do dispositivo. Aplicações espiões precisam de constantemente coletar e transmitir dados, o que inevitavelmente impacta a duração da bateria e o consumo de dados móveis. Uma redução súbita na autonomia da bateria, sem mudanças nos seus hábitos de uso, é um dos alertas mais claros de que algo está errado.
Para verificar que aplicações estão a consumir mais bateria, vá às configurações do aparelho e procure a seção “Bateria” ou “Uso de bateria”. Esta ferramenta mostra que aplicações estão mais ativas, mesmo quando não estão a ser utilizadas diretamente. Se encontrar aplicações desconhecidas entre os maiores consumidores ou notar que aplicações comuns estão a consumir muito mais do que o normal, isso pode indicar que foram comprometidas.
De forma semelhante, o consumo de dados móveis pode revelar atividades suspeitas. Aplicações de espionagem precisam enviar as informações capturadas para servidores externos, utilizando a sua conexão de internet. Um aumento inexplicável no uso de dados, especialmente quando o telemóvel não está sendo ativamente utilizado, é um forte indício de monitorização. Para Android, verifique em “Configurações” > “Rede e Internet” > “Uso de dados”. No iPhone, aceda a “Ajustes” > “Celular” > “Uso de dados celulares”.