Dormir bem é essencial para a saúde, o bem-estar e até para o humor. Mas não basta contar as horas que passa a dormir. Entre hábitos recomendados como evitar ecrãs à noite, manter um ambiente calmo no quarto e praticar exercício físico, surge agora um novo aliado inesperado: a alimentação.
Uma investigação da Universidade de Chicago, em parceria com a Columbia University (Nova Iorque), revelou que consumir mais frutas e vegetais pode melhorar a qualidade do sono. O estudo sugere que, além de serem uma opção saudável, natural e económica, estes alimentos actuam como auxiliares do descanso.
“A qualidade dos dados recolhidos neste estudo representa um avanço importante para a saúde pública”, afirma Esra Tasali, especialista em sono da Universidade de Chicago, citada pelo Science Alert.
Comer fruta e legumes durante o dia, dormir melhor à noite
A investigação envolveu 34 adultos saudáveis, que durante uma semana registaram os seus hábitos alimentares. Simultaneamente, usaram dispositivos para medir a qualidade do sono, em especial a chamada fragmentação, ou seja, quantas vezes despertavam ou alternavam entre fases do sono.
Os participantes que consumiram mais fruta, legumes e hidratos de carbono saudáveis apresentaram um sono mais tranquilo e contínuo. A conclusão aponta para um papel importante da fibra e dos hidratos de carbono presentes nesses alimentos como potenciais promotores de um sono reparador.
Através de modelação estatística, os investigadores estimam que o consumo das cinco porções diárias recomendadas de frutas e legumes pode melhorar a qualidade do sono em 16%. Para referência, uma porção equivale, por exemplo, a oito morangos grandes, uma batata média ou 22 uvas.
“16% é uma diferença muito significativa. É notável que uma mudança tão simples na alimentação possa ter efeito em menos de 24 horas”, reforça Tasali.
Melhor descanso está (literalmente) nas suas mãos
Embora os cientistas sublinhem que o estudo não permite concluir uma relação de causa-efeito direta, já que fatores como o rendimento ou estilo de vida podem também influenciar tanto a dieta como o sono. A relação estatística encontrada é sólida e consistente com outros estudos anteriores.
“As pessoas perguntam-me frequentemente se há alimentos que as possam ajudar a dormir melhor”, refere Marie-Pierre St-Onge, nutricionista da Universidade de Columbia. “A verdade é que pequenas mudanças na dieta podem mesmo fazer a diferença. Isso é encorajador, porque dormir melhor está, de facto, ao seu alcance”.