Se a vacinação por si só pode não interromper a pandemia em alguns cenários, as intervenções não farmacêuticas são necessárias para complementar a vacinação e acelerar o fim da pandemia.
Esta é a conclusão de cientistas que desenvolveram um modelo epidémico para explorar a dinâmica da pandemia em cenários de vacinação e intervenções não farmacêuticas, como uso de máscaras e distanciamento social.
Pandemia pode não acabar
A equipa parametrizou explicitamente fatores-chave relacionados com a vacinação, incluindo a duração da imunidade, a eficácia das vacinas, a taxa diária de vacinação, etc. O modelo foi então aplicado ao números de casos diários confirmados em Israel e nos EUA, para tentar explorar e prever tendências de vacinação com base na situação epidémica e nas medidas de intervenção adotadas em cada país.
“Em Israel, mais da metade da população já estava totalmente vacinada e, sob o esquema de vacinação atual, a pandemia estava prevista terminar entre 14 de maio de 2021 e 26 de agosto de 2021, assumindo que a imunidade persistisse entre 180 e 365 dias, e com ou sem intervenções não farmacêuticas.
“Para os EUA, se assumirmos a taxa de vacinação atual (0,268% ao dia) e a intensidade das intervenções não farmacêuticas, a pandemia terminará entre 20 de janeiro de 2022 e 19 de outubro de 2024, assumindo que a imunidade persista entre 180 dias a 365 dias. No entanto, presumindo que a imunidade persista por 180 dias e nenhuma intervenção não farmacêutica seja implementada, a pandemia não terminará e, em vez disso, alcançará um estado de equilíbrio, com uma proporção da população permanecendo ativamente infetada,” disse Hua Chen, do Instituto de Genómica de Pequim (China), participante do estudo.
Imunidade coletiva
Segundo o modelo, para que se atinja a imunidade coletiva, acabando com a pandemia, a taxa diária de vacinação deve ser decidida de acordo com a eficácia da vacina usada e a duração da imunidade.
Em algumas situações, contudo, a vacinação por si só não consegue interromper a pandemia – como no caso dos EUA – e intervenções não farmacêuticas são necessárias para complementar a vacinação e acelerar o fim da pandemia.
Considerando que a eficácia da vacina e a duração da imunidade podem ser reduzidas para novas mutações, é necessário permanecer cautelosamente otimista sobre a perspetiva de acabar com a pandemia apenas com a vacinação, afirmam os investigadores.